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Economia Com inflação acima de 10% há seis meses, o Banco Central tem o dilema de escolher entre frear preços ou a economia

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Medida vale até o fim deste ano, em meio a alta de preços. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A inflação acelerou e subiu para 1,01% em fevereiro, segundo divulgou na sexta-feira o IBGE. É a maior taxa para o mês desde 2015, quando chegou a 1,22%. Com o resultado, o indicador tem alta de 10,54% em 12 meses. É o sexto mês seguido em que a inflação acumulada em 12 meses ultrapassa 10%.

O resultado veio acima do esperado pelos analistas que projetavam 0,95% para a inflação de fevereiro e 10,50% para o IPCA em 12 meses. E já se espera mais pressão sobre os preços em março, com os reajustes de 18,77% na gasolina e de 24,9% no diesel, anunciado pela Petrobras, e que ainda não foram captados no índice de inflação.

A guerra entre Rússia e Ucrânia deve produzir impactos mais duradouros sobre commodities agrícolas, pressionando os preços dos alimentos, que devem permanecer elevados ao longo de todo o ano, segundo especialistas.

Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para decidir sobre a Taxa Selic, atualmente em 10,75% ao ano. Mesmo com a inflação acima do esperado e mais pressões sobre alimentos e combustíveis, analistas não estão certos de que o Banco Central (BC) vá subir ainda mais os juros, diante da incerteza e do risco maior da estagnação da economia.

O BC está diante de um dilema. Já se sabe que a alta dos combustíveis vai elevar preços, mas ainda não está claro o quanto será possível mitigar este impacto com os projetos previstos no Congresso.

Se der uma dose maior de aumento de juros, corre risco de desacelerar ainda mais a economia. Mas se não agir a contento, a inflação pode se afastar ainda mais da meta.

O economista Luiz Roberto Cunha, professor da PUC-Rio, calcula que a inflação pode subir para 1,30% em março, o que levaria o indicador a ficar acima de 11% em 12 meses. Mas ele não vê espaço para a Selic superior a 13% este ano.

“Se o BC fosse atuar a fim de tentar trazer a inflação para meta (em 2023), ele faria uma alta maior da Selic. Mas dado que tem a discussão do subsídio, que pode ser usado para conter novas altas dos combustíveis ou até rever parte do aumento, caso o preço do petróleo não suba mais, não me parece que o BC vá ser mais duro. Enquanto a coisa não ficar clara, o BC ainda vai guardar um certo cuidado.”

Uma melhora no indicador só deverá vir em maio, com possibilidade de deflação por causa do fim da bandeira de escassez hídrica nas contas de luz. Mas os preços dos alimentos seguirão pressionados ao longo do ano, e a inflação deve ficar acima de 6% e perto de 7%, segundo Cunha.

Mirella Hirakawa, economista sênior da AZ Quest, pondera que o momento é de choque de preços, mas é necessário cautela. Ela espera que a Selic chegue a 12,5% em junho: “Nossos riscos altistas são para as reuniões de maio e junho, quando o BC passa a olhar para 2023. Precisamos ter clareza da magnitude e da duração do choque, principalmente dos impactos das sanções, se vamos ver uma reação das commodities mais curta ou mais longa.”

Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, economistas do banco J.P. Morgan, consideram que, em circunstâncias normais, o aumento visto na inflação levaria o BC a decidir por uma alta de juros mais agressiva.

Mas ambos destacam que o BC já subiu os juros a ponto de frear a atividade econômica, e a extensão do impacto e a duração do choque global na inflação são “altamente incertos”.

Mas não há consenso. Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV, avalia que o atual cenário deve fazer o BC reagir: “Estávamos com previsão de 12,50% (para a taxa Selic), agora elevamos para 13,25%, e deve ficar neste patamar até o início do ano que vem. O Banco Central deve reagir procurando desacelerar a economia e desestimular repasses de custos.”

Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco digital Modalmais, trabalha com projeção preliminar de 1,10% para o IPCA em março. “Enxergamos a inflação com composição desfavorável, com fortes pressões advindas dos bens industriais. Como agravante, as incertezas observadas no mercado externo devem trazer pressão adicional para o índice via repasse das commodities, a exemplo do reajuste realizado pela Petrobras”, disse Sichel, em comentário.

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