Sexta-feira, 26 de abril de 2024

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Geral Com recorde de maior onda em 2020, Maya Gabeira quer ver mais mulheres no surfe

Compartilhe esta notícia:

A brasileira de 33 anos de idade vive atualmente na praia de Nazaré (Portugal). (Foto: Reprodução)

A proximidade com um paredão de água de 22, 4 metros de altura é um pesadelo para 99% das pessoas, mas não para Maya Gabeira. A brasileira de 33 anos de idade bateu, em fevereiro deste ano, o recorde da maior onda surfada por alguém em 2020. “A pessoa que fala que não tem medo é louca. Tento extrair coisas positivas do medo, como um instinto certeiro”, contou ela em entrevista à coluna Direto da Fonte, do jornal O Estado de S. Paulo.

Vivendo atualmente na praia de Nazaré (Portugal) – um dos locais mais privilegiados do mundo para o surfe de ondas gigantes – a carioca enxerga na conquista mais que uma realização pessoal. Maya crê que o feito pode incentivar mulheres no meio do esporte, que ainda considera extremamente masculino mesmo com os recentes ganhos em igualdade e reconhecimento. “O surfe é claramente um esporte com falta de diversidade”, diz ela, que é filha do jornalista Fernando Gabeira. Leia abaixo alguns trechos da entrevista com a surfista.

O que é necessário mentalmente para conseguir surfar uma onda dessa magnitude? “Nossa, pergunta difícil. Acho que muitos anos de treino. Você vai evoluindo. Comigo foram muitos anos de carreira para chegar nesse nível, 14 anos como profissional. Eu sei, parece loucura, mas é o resultado de um trabalho longo e de uma equipe grande”, diz Maya.

Na hora em que você entra na água, o que é que vem na sua cabeça? Você tem medo? “Ah, sim. É impossível não ter medo. A pessoa que fala que não tem medo é louca. Mas sinto muito respeito. Você sente o perigo, você está ali olhando para o perigo. Tem também uma confiança, uma vontade de se superar, de pegar aquela onda, viver aquela experiência. Isso acaba nos motivando a trabalhar com o medo. Tento extrair coisas positivas, como um instinto muito certeiro e uma força maior do que o normal.”

O que esse recorde representa para você? “Muita coisa. Representa a quebra de uma barreira, de uma limitação que se via assim para as mulheres, principalmente nesse esporte, que é muito masculino. Acho que nunca imaginavam que uma mulher ia acabar surfando a maior onda do ano. Só de poder mostrar isso já é muito importante. Isso acaba estimulando muita gente. Sabe quando você sonha e acha que com certeza não vai acontecer? Porque é tão fora do que as pessoas veem como possível que você fica até um pouco constrangida de dividir?”.

Como foi a reação dos seus colegas com a notícia? “Depende (risos). Uns não falam nada, outros ficam felizes por você, outros não ficam muito felizes por você. É um meio muito competitivo. Eu acho que em qualquer esporte competitivo tem gente que tem mais facilidade de lidar com o sucesso do próximo e tem gente que tem mais dificuldade de lidar com o sucesso do próximo. Teve homens como o (Pedro) Scooby, que, pra mim, é um exemplo de pessoa bem resolvida. Ele ficou muito feliz por mim.”

É difícil ser uma das poucas mulheres no meio? “Ainda é difícil, mas não dá pra comparar com o que já foi. Hoje em dia é uma coisa tão diferente, que eu não quero nem falar que é difícil. Dá até vergonha. Hoje as mulheres têm as mesmas plataformas, temos campeonatos, visibilidade, uma premiação igual. Melhorou muito de uns três, quatro anos pra cá. Acho que teve até a ver com o me too movement. Mas ainda tem muito o que melhorar. O surfe é claramente um esporte com falta de diversidade. É muito restrito, muito elitista de alguma forma. Tem o estereótipo daquele menino loiro, branquinho, da praia. As mulheres foram a primeira minoria a quebrar um pouco essa barreira, mas temos muitas mais. É um processo. O surfe tem um histórico antigo de falta de diversidade.”

Mas o que poderia ser feito para aumentar a inclusão? “Olha, boa pergunta. No surfe profissional tem que existir um investimento forte ainda na criança. Você vê pelos atletas que acabam se profissionalizando, muitos foram crianças e adolescentes que tiveram oportunidade de viajar o mundo várias vezes. São meninos que fazem temporadas no Havaí, que vão pra Indonésia treinar desde novinhos. Isso depende de uma situação financeira boa.”

No Brasil isso parece ainda mais difícil. “Tem poucos casos hoje em dia, mas o Brasil é um dos países que tem quebrado essa barreira. Até recentemente era uma grande dificuldade. Mesmo assim, sinto muita falta de negros no surfe. E também de gays. Não conheço nenhum gay assumido no esporte profissional.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Geral

O ministro da Economia diz que havia resistência dentro do governo para avançar com as privatizações
Os agricultores brasileiros devem embolsar mais de 347 bilhões de reais com a venda das safras, um crescimento de 37,4% em relação ao ano passado
https://www.osul.com.br/com-recorde-de-maior-onda-em-2020-maya-gabeira-quer-ver-mais-mulheres-no-surfe/ Com recorde de maior onda em 2020, Maya Gabeira quer ver mais mulheres no surfe 2020-11-23
Deixe seu comentário
Pode te interessar