Domingo, 06 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 8 de janeiro de 2022
Mais um ano se inicia e, com ele, a meta de criar uma rotina de exercícios físicos e ter mais saúde. Você decide se matricular em uma academia, vai empolgado nas primeiras duas ou três semanas, depois é absorvido pelo trabalho ou fica com preguiça e acaba desistindo do plano. Você se identificou? Não faltam argumentos para movimentar o corpo, mas como inserir o hábito na rotina?
“A inatividade física é considerada uma pandemia global, pois 70% da população adulta não atinge os níveis mínimos de atividade recomendados, além de ser um dos quatro fatores de risco relacionados com a mortalidade, junto do tabagismo, da hipertensão e da obesidade”, diz a médica Fernanda Rodrigues Lima, especialista em reumatologia e medicina do exercício e do esporte do Hospital das Clínicas (USP).
Tão prejudicial quanto a ausência de exercícios é o comportamento sedentário, quando se passa muito tempo sentado. “Ficar longas horas na frente do computador sem se levantar pode anular o efeito benéfico da atividade física.”
A prática regular de exercícios está associada a inúmeros benefícios físicos e mentais, resultando em mais qualidade de vida e longevidade. Mexer o corpo ajuda a diminuir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral, diabetes tipo 2 e alguns tipos de câncer, como o de cólon e mama, além de levar a uma menor pressão arterial e desempenhar um papel importante no controle do peso.
Entre os fatores psicológicos, previne e melhora estados depressivos leves e moderados, reduz a ansiedade, aumenta a sensação de bem-estar e diminui o risco de declínio cognitivo e demência.
“Existe uma relação dose-resposta da atividade física: basta um pouco de exercício para diminuir o risco de mortalidade. Se essa dose for maior (mais horas por semana), outros benefícios são obtidos em diferentes doenças”, ressalta a médica.
Aos poucos
Stephanie Noelle Bordignon, 32, jornalista e criadora de conteúdo, conta que sempre teve dificuldade em manter a prática, já que a motivação para se mexer vinha da insatisfação com o próprio corpo. Isso mudou quando ela descobriu o prazer em se exercitar: “Passei a fazer aulas de dança na Boate Class, que tem o propósito de divertir, sem ficar contando quantas calorias perdeu”. Hoje, ela pratica ainda musculação e corrida.
Mas essa mudança não aconteceu de uma hora para outra. “Comecei com as caminhadas, aos poucos fui correndo e assim pegando gosto”, relata. Stephanie garante que o sucesso da sua rotina atual foi ter inserido as mudanças gradualmente, sem se cobrar tanto, e buscando tornar a prática um momento gostoso. “Adoro montar playlists específicas, ir para lugares bonitos e apreciar o entorno.”
Luiz Carlos Carnevali, diretor técnico do Grupo Smart Fit, diz que descobrir uma atividade de que goste é um dos pontos-chave: “A adesão ao exercício está ligada ao prazer. Além disso, é legal escolher algo que seja fácil e não dependa de grandes estruturas e esforços”. Fernanda sugere encontrar um horário que não sofra interferência do trabalho ou de outras tarefas e fala que o importante é criar uma rotina. “Pode ser caminhar com o cachorro, escada ou começar a pedalar.”
Johnatan Ferreira, 29, especialista em marketing, relata que não conseguia estabelecer o hábito da atividade física. Mas este ano decidiu voltar aos treinos. Ele agora acorda às 6 horas, de segunda a sexta-feira, para malhar. “É a primeira coisa que faço, me anima para o restante do dia e é uma tarefa que posso riscar da minha lista logo cedo.”
Ele conta que o que o ajudou neste retorno e a manter o compromisso foi a contratação de um personal trainer, que o acompanha três vezes por semana. “É mais um recurso para internalizar a prática como parte do dia a dia”, pontua.
Sedentarismo
Se antes da pandemia a realização de atividade física dentro dos índices recomendados entre os brasileiros era de 35,5%, durante a crise sanitária esse número caiu para 16%, de acordo com dados do Projeto ConVid – Pesquisa de Comportamentos.
O levantamento realizado em 2020 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) levou em consideração a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de, pelo menos, 150 minutos de atividade física moderada por semana. O volume indicado é de até 300 minutos ou ainda de 75 a 150 minutos de atividade intensa.