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Edson Bündchen CoronaCrash: do improvável ao incerto

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A Grande Depressão de 1929, o Pós-Guerra de 1945, o Choque do Petróleo em 1973, e a recente crise imobiliária americana de 2008, tiveram enormes impactos econômicos como consequências comuns entre si. A atual crise provocada pela pandemia do coronavírus, diferentemente, traz embutidos fatores mais abrangentes, redesenhando não apenas a economia, mas o comportamento social e de consumo, além de acelerar tendências e modificações na área do trabalho e de segmentos inteiros que estão sendo totalmente transformados ou até extintos.

A mudança fundamental em relação às crises passadas, tem muito a ver com o atual macroambiente. Sem dúvida, exceto em relação à crise imobiliária americana de 2008, na qual importantes avanços tecnológicos já se faziam presentes, houve uma significativa alteração no cenário, fato que ampliam e tornam indefinidos os efeitos decorrentes da presente pandemia.

Além de mais populoso, o mundo hoje está muito mais integrado digitalmente, também mais incerto, ambíguo, volátil e complexo, sem contar com a piora dos riscos ambientais, e crescente preocupação com os rumos éticos da inteligência artificial e da desigualdade social. Transformações profundas se prenunciam, numa velocidade que torna qualquer prognóstico arriscado, mas não menos necessário e importante.

Na economia, os setores de transporte aéreo, turismo, eventos, hotelaria, restaurantes e toda a complexa teia de fornecedores que gravitam em torno desses segmentos estão sendo duramente afetados. Com o teletrabalho ganhando espaço de forma muito rápida, estima-se significativo êxodo urbano, especialmente rumo a cidades pequenas e médias, com boa qualidade de vida e infraestrutura adequada. Esse fenômeno, a despeito dos seus riscos e ameaças, promete remodelar nossas metrópoles e promover, quem sabe, planos diretores que incorporem uma relação mais saudável e sustentável entre a cidade e seus moradores.

A pandemia também mostrou um mundo extremamente dependente da China como grande provedor de insumos na área médica. Confrontados com essa realidade, muitos países passaram a questionar essa inquietante subordinação. Aumenta o risco de um retrocesso, com maior protecionismo e verticalização interna das cadeias produtivas. Paradoxalmente, um vírus transnacional poderá deixar o mundo mais nacionalista e xenófobo, ressuscitando velhos fantasmas da Guerra Fria. O recrudescimento das disputas sino-americanas, e a ameaça de uma reconfiguração do quadro geopolítico a partir das ambições chinesas neste início de novo milênio, são exemplos claros dessas novas tensões.

No comportamento das pessoas e do próprio sistema de consumo, especula-se sobre quais tendências devem prevalecer. Teremos um consumidor mais cauteloso e consciente na hora das compras? Haverá, ao contrário, uma espécie de euforia devido ao ímpeto consumista contido pelo isolamento social? Ou simplesmente tudo voltará a ser como antes? Essas são questões determinantes para o futuro da economia e do modelo vigente de mercado, uma vez que a movimentação das pessoas, o consumo crescente e o giro do dinheiro, constituem o espírito e a natureza do moderno capitalismo.

Diante de todas essas mudanças e incertezas, aumenta a preocupação com as camadas mais desprotegidas da população, nas quais, tanto as taxas de mortalidade pelo coronavírus, quanto o desemprego, explicitam uma situação dramática e que requer maior solidariedade e robustos programas sociais por parte dos governos. O desafio é gigantesco, uma vez que a maioria dos países teve que aumentar seus endividamentos públicos para socorrer empresas, pessoas e cuidar da questão sanitária. Ainda é prematuro para previsões seguras, mas não para concluir estarmos diante de um inédito momento para toda a humanidade.

 

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https://www.osul.com.br/coronacrash-improvavel-ao-incerto/ CoronaCrash: do improvável ao incerto 2020-08-20
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