Domingo, 13 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 8 de julho de 2016
Os envolvidos em denúncias de manipulação de resultados para favorecer apostadores internacionais deverão pegar penas pesadas. Nesta semana, pelo menos oito pessoas foram presas temporariamente e três estão sendo procuradas pela polícia. Entres os detidos estão o atacante Márcio Souza (que jogou na Indonésia) e Carlos Luna (ex-goleiro do América de Rio Preto).
De acordo com o promotor de Justiça Paulo Castilho, as penas podem chegar a dez anos de cadeia. Segundo ele, os presos serão indiciados pelos crimes de formação de quadrilha e fraude esportiva.
O grupo teria manipulado jogos das séries A2 (segunda divisão) e A3 (terceira divisão) do Campeonato Paulista, além de partidas no Ceará, Maranhão e Rio Grande do Norte. O esquema era liderado por um carioca e um ex-jogador de futebol da Indonésia. Eles contratavam aliciadores que entravam em contato com treinadores e jogadores. Para fraudar o resultado de uma partida, cada time recebia quantias que variavam entre 20 mil dólares (66 mil reais) e 30 mil dólares (100 mil reais).
“Os próximos passos serão a renovação do pedido de prisão temporária para que o Ministério Público possa oferecer uma denúncia bem elaborada, com muitos elementos, para transformar em prisão preventiva”, afirmou o promotor.
Responsável pelas investigações da Operação Game Over, o delegado Mario Sergio de Oliveira revelou que 11 suspeitos atuavam no Brasil. “Esse caso é idêntico ao da Itália em 2011, em que a intenção era criar resultados para lucro direto nas casas de apostas da Ásia e Europa”, declarou.
Segundo ele, as investigações começaram em 2015, após uma empresa europeia de monitoramento de apostas denunciar movimentação estranha em um jogo do Campeonato Paulista Sub-20. Em uma das partidas suspeitas, o Sorocaba perdeu por 9 a 0 para o Santo André. O goleiro Micael Ivo dos Santos disse que os jogadores (que teriam recebido 200 reais cada) “fizeram o que foi pedido”.
“Entre seis e oito clubes estão envolvidos. Não posso revelar nomes e jogos em que houve indício de fraude para não atrapalhar nossas investigações”, comentou o delegado.
Apostas complexas.
O esquema de manipulação de resultados no futebol brasileiro era tão complexo que nem sempre o combinado era só a fabricação do placar final. Segundo o responsável pelo caso, as casas de apostas oferecem uma gama variada de opções para os apostadores.
As pessoas que participavam das transações nessas casas (proibidas por lei no Brasil) poderiam apostar, por exemplo, em outras ações do jogo como o resultado do primeiro tempo ou em qual jogador que faria o gol. “Essa quadrilha poderia pedir que o gol tivesse de ser sofrido em determinado minuto”, afirmou Mario Sergio. Eles apostavam não só nos resultados, mas no número de escanteios, quantidades de cartões. Eram inúmeras variáveis possíveis.”
Ainda segundo as informações do investigador titular, o dinheiro era pago no próprio vestiário. “A soma era entregue logo no apito final, dependendo da complexidade do campeonato e das apostas”, disse. (DS)