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Política Para lideranças da direita, discurso de Tarcísio tem pouco de espontâneo e muito de cálculo político

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No Sete de Setembro, o governador fez a sua declaração mais dura contra o STF, com quem mantém boa relação. (Foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP)

O discurso inflamado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tem sido visto por lideranças da direita em Brasília como cálculo eleitoral. A declaração é elogiada em público, mas tratada com ressalvas nos bastidores.

Em discurso na manifestação bolsonarista do Sete de Setembro na Avenida Paulista, no domingo (7), o ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro defendeu a aprovação de uma anistia “ampla e irrestrita” para a tentativa de golpe, definiu o julgamento como maculado e chamou Moraes de tirano. Tratava-se ali da declaração mais contundente já dada pelo governador em direção ao STF, com quem ele vem mantendo boa relação.

“Deixe o Bolsonaro ir para a urna, qual é o problema? Nós não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. Nós não vamos mais aceitar o que um ditador diga o que a gente tem que fazer. Vamos lutar para que a arbitrariedade tenha sim. Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como o Moraes”, discursou ele.

A mudança súbita de comportamento chamou a atenção de parlamentares e dirigentes de partidos de direita. Circula entre eles a avaliação de que o discurso “tem pouco de espontâneo e muito de cálculo político”. Alguns deles dizem acreditar que Tarcísio teria antecipado a Moraes que daria tal declaração – visando não implodir as pontes com o ministro –, uma vez que o governador não costuma se deixar levar por rompantes.

As palavras do governador, ao fim, acabaram por aplacar as críticas que ele estava recebendo. Havia críticas pelo falto de ele se abster de atacar o STF para defender o ex-presidente Jair Bolsonaro, hoje em julgamento por tentativa de golpe de Estado junto a outros réus.

O discurso de Tarcísio caiu bem, sobretudo, sobre o público bolsonarista, que compartilhou o trecho nas redes sociais e costuma defender que o candidato apto a levar os votos da direita no ano que vem precisa ser enfático no apoio ao seu maior líder. Aliados de Bolsonaro, em público, elogiam a mudança de postura.

“É o discurso de quem está indignado, de quem está cansado de ver tanta injustiça. Um presidente da República com tornozeleira, sem condenação. Tarcísio, uma hora o cara vê tanta injustiça e não vê nenhum movimento do STF, o cara vai e abre a boca. É o que ele fez”, diz Silas Malafaia.

O advogado Fabio Wajngarten, conselheiro de Bolsonaro, define o discurso como “necessário, obrigatório, divisor de águas, impossível de recuos”.

Na cúpula do Republicanos, legenda de Tarcísio, a opinião é mais fria. Um dirigente nacional diz ter visto ali um movimento feito “na base da pressão”, que difere do perfil mais moderado e comedido do governador.

A pressão sobre Tarcísio vinha num crescendo nas últimas semanas, quando a família Bolsonaro e aliados próximos passaram a atacá-lo abertamente pela movimentação do governador que pareceu, aos olhos dessas pessoas, “oportunismo” para conquistar a vaga de presidenciável do bolsonarismo enquanto o ex-presidente amargava a prisão domiciliar.

Naquele momento, a dias do julgamento, Bolsonaro se encontrava isolado de seus principais aliados, sem controle de sua comunicação e envolvido numa troca de fogo entre dois grupos com visões conflitantes sobre a melhor forma de protegê-lo – e sobre quem deve ser o nome a sucedê-lo.

Os filhos de Bolsonaro e seus aliados mais tradicionais têm a percepção de que, enquanto o ex-presidente está preso e quase incomunicável, Tarcísio, os dirigentes do Centrão e agentes do mercado têm se movimentado para deixar o governador de São Paulo bem posicionado no grid de largada para a eleição de 2026.

Um evento realizado em 25 de agosto em Brasília reforçou esse sentimento. Na comemoração de 20 anos do Republicanos, o presidente nacional Marcos Pereira levantou a bola de Tarcísio ao sugerir, diante de uma plateia de milhares de pessoas e dirigentes de PL, MDB e PSD, que o governador pode ser o nome da legenda para se candidatar ao Planalto no ano que vem.

Em agosto, o vereador Carlos Bolsonaro chamou os governadores de direita de “ratos” por se absterem de combater o que julgam ser uma perseguição aos bolsonaristas pelo STF. Eduardo, por sua vez, fez diversas críticas públicas a Tarcísio nos últimos dois meses. E a desconfiança com que ele trata o ex-ministro é vista na troca de mensagens com seu pai, exposta num relatório da Polícia Federal no mês passado.

Na última semana, durante seu expediente como governador de São Paulo, Tarcísio promoveu em Brasília e no Palácio dos Bandeirantes encontros com dirigentes, parlamentares e lideranças da direita para tratar da anistia. O movimento foi visto por alguns observadores como uma jogada entre o governador e caciques para colocá-lo como ponta de lança da articulação que, se tiver êxito, vai render crédito político a um ano das eleições de 2026. (Com informações de O Estado de S. Paulo)

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