Terça-feira, 15 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 13 de novembro de 2020
Muitas das 768 páginas de “Terra prometida”, biografia de Barack Obama que chega às livrarias do mundo inteiro no próximo dia 17, são dedicadas à história do casamento com Michelle Obama. Principalmente as dificuldades enfrentadas durante os oito anos de presidência.
Em trechos já divulgados, Obama escreve sobre o tempo em que estiveram na Casa Branca como a primeira família, junto com as filhas Malia, agora com 22 anos, e Sasha, com 19: “Eu continuei a sentir uma corrente de tensão nela, sutil, mas constante, como o fraco zumbido de uma máquina escondida.”
Segundo ele, não só o trabalho da esposa foi ampliado como primeira-dama, mas também virou alvo de “escrutínio e ataques”.
“Foi como se, confinados como estávamos dentro das paredes da Casa Branca, todas as suas fontes anteriores de frustração se tornassem mais concentradas, mais vívidas, fosse (por causa da) minha absorção 24 horas por dia com o trabalho ou a forma como a política expunha nossa família ao escrutínio e ataques. Ou a tendência, até mesmo de amigos e familiares, de tratar o papel dela como secundário em importância”, escreveu o ex-presidente.
Isso o fez ficar acordado à noite ao lado de Michelle, pensando na vida antes de sua presidência, “quando tudo entre nós parecia mais leve, quando o sorriso dela era mais constante e nosso amor menos sobrecarregado. Meu coração de repente apertou ao pensar que aqueles dias podiam não voltar”.
Divisões no país
No livro, Barack Obama destaca as divisões pelas quais passam os Estados Unidos, uma fratura que ele acredita não será corrigida apenas com a saída de Donald Trump da Casa Branca.
Em um trecho do primeiro volume de suas memórias, “A Promised Land”, cujos primeiros trechos foram publicados pela revista The Atlantic, o antecessor de Trump faz uma retrospectiva dos quatro anos desde sua saída do governo.
“O mais preocupante sobre tudo isso pode ser que nossa democracia parece estar à beira da crise”, escreve o ex-presidente democrata.
“Uma crise ancorada no enfrentamento fundamental entre duas visões opostas do que os Estados Unidos são e do que deveriam ser”, continua, denunciando o recente desrespeito às regras e garantias básicas que, por muito tempo, tanto democratas quanto republicanos “deram como certas”.
Embora comemore a vitória eleitoral de seu ex-vice-presidente Joe Biden, Obama alerta contra qualquer visão excessivamente otimista sobre os anos que se seguirão a Trump.
“Também sei que uma única eleição não resolverá o problema”, afirma, apontando que “nossas divisões são profundas, nossos desafios são assustadores”.
O 44º presidente dos Estados Unidos diz, porém, estar “cheio de esperança” para o futuro, convicto de que, com “trabalho duro, determinação e uma boa dose de imaginação” os Estados Unidos poderão mostrar “o que temos de melhor”. As informações são do jornal O Globo e da agência de notícias AFP.