Mundo Em primeiro comício juntos, Obama exalta Hillary e provoca Trump
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2016
Sob os gritos de “Hillary, Hillary” que ele puxara minutos antes, o presidente dos EUA, Barack Obama, exaltou as qualidades de Hillary Clinton, sobretudo sua obstinação e sua experiência como secretária de Estado (2009-2013), no primeiro comício que os dois fizeram juntos nesta campanha eleitoral, em Charlotte, Carolina do Norte, nesta terça-feira (5).
Mas Obama, que se mostrou descontraído – falou de comida e esportes locais – e emocionado, não deixou de alfinetar o empresário Donald Trump, virtual candidato republicano à Casa Branca.
“Qualquer um pode tuitar. Mas só quem se senta atrás da mesa [de presidente] sabe do que se trata o trabalho”, afirmou o democrata, em alusão às críticas disparadas pelo milionário na rede social.
Com a popularidade em torno de 51%, considerada alta para o padrão americano, Obama tem terreno para assumir um papel ativo na campanha por sua sucessão, algo que não ocorreu com seu antecessor, o republicano George W. Bush.
Desde que anunciou seu apoio a Hillary há algumas semanas, o presidente tem encontrado oportunidades para falar da campanha e assumir a dianteira dos ataques a Trump.
Tem também um capital político do qual a ex-senadora, vista com desconfiança por parte do eleitorado democrata, não dispõe.
“Eu acredito em Hillary”, disse o presidente, descrevendo a admiração por ela desde que foi sua adversária em 2008, quando disputaram a candidatura democrata à Casa Branca, e depois secretária de Estado em seu governo.
“Nunca houve ninguém, homem ou mulher, mais qualificado para ocupar este cargo do que Hillary Clinton”, disse Obama, levantando a plateia. “Essa é a verdade.”
Legado
Hillary também aproveitou para usar o ex-chefe como contraponto a Trump: “Este, meus amigos, é um presidente que sabe como nos manter seguros e fortes. Comparem isso a Donald Trump. Vocês podem imaginá-lo sentado no Salão Oval?”, disse.
“O mundo acompanha cada palavra que nosso presidente diz. E Donald Trump é simplesmente desqualificado e tem o temperamento inadequado para ser nosso presidente e comandante em chefe”.
Em alusão ao slogan trumpista, “faça os EUA grandiosos de novo”, Obama repetiu o mote que Hillary tem ressaltado durante toda sua campanha: “A escolha a ser feita é entre duas visões fundamentalmente distintas dos EUA, entre um passado imaginário e o futuro.”
Para Obama, o apoio a Hillary também tem a importância de conservar seu legado. A mensagem de que uma vitória de Hillary significa uma espécie de “terceiro mandato” de Obama tem sido tacitamente promovida pela campanha da ex-secretária de Estado.
Um dos trunfos de Obama é mobilizar as minorias, que foram decisivas nas eleições vencidas por ele, mas entre eleitores brancos sua influência pode ser ainda mais decisiva. Segundo uma pesquisa do YouGov/Economist, 87% dos eleitores não brancos que apoiam Obama preferem Hillary a Trump.
“Será difícil melhorar essa margem, mesmo com a ajuda do Obama”, diz o instituto. Entre os eleitores brancos, porém, Obama tem mais terreno para ampliar o apoio a Hillary. Apenas 29% dos brancos que aprovam o presidente são inclinados a apoiar Hillary.
A escolha como palco inicial foi Charlotte, na Carolina do Norte. É um Estado com parcela significativa da população negra, em que o presidente encontra receptividade para ressaltar a singularidade de sua presidência (ele foi o primeiro negro a assumir a Casa Branca) e de sua candidata, a primeira mulher a disputar o cargo por um dos dois grandes partidos dos EUA.
Além disso, trata-se de um Estado-pêndulo, que muda de preferência partidária a cada eleição. Obama foi derrotado ali em 2012 pelo republicano Mitt Romney, mas triunfou sobre John McCain em 2008. (Folhapress)
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