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Por Redação O Sul | 24 de maio de 2020
Já sonhou em morar na Europa? Quanto você pagaria por uma casa na Itália, na região da Toscana? O empresário Douglas Roque, de São José dos Campos (SP), pagou 1 euro. Ou cerca de R$ 6, de acordo com a cotação do euro nesta semana. Parece até pegadinha. Mas esse é um projeto que começou a ser divulgado nos últimos anos por prefeitos italianos de cidades pequenas. E, calma: o investidor não gasta só 6 reais, não. Entenda a seguir como funciona.
A Itália tem mais de 5 mil cidades com menos de 5 mil habitantes. Cidades bem pequenas e com poucas ofertas de trabalho ou estrutura para atrair novos moradores. Isso sem falar no envelhecimento da população e no despovoamento desses municípios, com moradores migrando para centros maiores.
A prefeita da cidade de Sadali, por exemplo, com cerca de 800 habitantes, deu a seguinte entrevista para a BBC Brasil: “As aldeias medievais são a essência da Itália. É preciso reconstruir a nossa ideia de país, dando maior valor aos pequenos povoados e fazendo com que eles se tornem acessíveis e prazerosos para se viver. Um lugar onde as pessoas queiram morar”, declarou Romina Mura.
Então, em resumo, funciona assim: as prefeituras criam campanhas para despertar o interesse de investidores do mundo inteiro. Mas é preciso seguir uma série de regras e normas. Inclusive se comprometer a investir na restauração daquela residência. Eles não usam a palavra reforma, porque são projetos tombados pelo patrimônio histórico mundial da Unesco.
Na lista de regras temos: pagar todas as taxas de contrato, cartório, água, luz e etc; apresentar projeto de reestruturação do imóvel; iniciar a restauração com a autorização governamental; contratar um seguro que garante o término da obra em prazo estipulado; entre outras.
Ou seja, o investimento não vai sair só por 1 euro, não. Mesmo com apoios financeiros oferecidos pelas prefeituras, como vale mensal para família que se transferir para a cidade, entre outros incentivos.
Douglas Roque, de 48 anos, conheceu a Itália durante viagem de competição de futebol americano. Ele ainda trabalha na área de esportes em São José. Mas ao descobrir o “Progetto Case a 1 Euro” ficou encantado. Com a ajuda de um amigo italiano e arquiteto, abriu uma empresa para facilitar a vida de pessoas interessadas em comprar casas em pequenas cidades da Itália.
“Achei maravilhosa a região. Parece que você está num filme. Nunca vi um lugar tão bonito. Construções medievais, o clima, a tranquilidade. Comecei a estudar mais sobre esse projeto. E vi que tinha uma oportunidade de negócio”, comentou o empresário.
Douglas e o sócio criaram um site para fazer a intermediação de investidores interessados em morar na Itália, cuidando de toda parte jurídica e burocrática da transação. No site já são mais de 20 pessoas cadastradas e com a documentação adiantada para a mudança.
“Por conta da pandemia, a burocracia fica ainda mais demorada. Mas já fizemos amizade com o prefeito de uma cidade. Ele está feliz da vida com o nosso apoio. Virou amigo. Ele mesmo vem indicando a nossa empresa como facilitadora e estamos muito otimistas. O futebol americano parou com essa crise toda. Eu poderia ter ficado sentado e chorando. Mas me levantei e corri atrás dessa nova oportunidade”, detalhou o joseense.
Douglas comprou duas casas na Itália. As duas são na cidade do “prefeito amigo”, Michele Giannini, e se chama Fabbriche di Vergemoli, na região da Toscana. Uma das casas ele pagou 1 euro e está no processo de restauração. E a outra, fora do projeto, investiu 40 mil euros para a compra. Há um condomínio de casas na região, o Borgo Di Vetriceto, que já conta com lista de espera de interessados no investimento. A cidade de Fabbriche fica a 100 km de Florença e tem cerca de 800 habitantes.
A saudade de São José dos Campos já bateu. No início da crise do novo coronavírus, Douglas tentou retornar ao Brasil, mas não conseguiu. Aeroportos fechados e todos os cuidados com a pandemia. Agora, passados mais de 120 dias longe de casa, ele planeja uma nova estratégia. Conseguir organizar a viagem da mãe para a Itália.
“Não consegui sair da Itália por causa do coronavírus. Mas agora, com os negócios andando aqui e com o futebol americano parado, eu estou tentando fazer com que a minha mãe venha pra cá. Tomara que dê certo e que essa crise toda possa passar logo”, comentou Douglas.
A mãe, Sebastiana Alves Roque, do grupo de risco, segue isolada em São José dos Campos. Ela tem 80 anos de idade e fala todos os dias com o filho pelo telefone.
“Tenho saudade do meu filho. Mas ele me manda fotos da Itália. E já me levou para a região antes dessa pandemia. O lugar é lindo. Logo vamos nos ver novamente”, afirma Sebastiana. As informações são do portal de notícias G1.