Nunca houve dúvidas de que Pequim interviria de alguma maneira em Hong Kong. Agora, é saber qual preço a China pagará. E se pagará.
Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de julho de 2020
Já foi comparada ao massacre da Praça Tiananmen, em 1989, em Pequim, quando tanques do Exército de Libertação Popular literalmente esmagaram um movimento de estudantes chineses pró-democracia.
A aprovação em Pequim de uma lei de segurança nacional que permitiu a intervenção do governo de Xi Jinping em Hong Kong, rasgando de vez o projeto de “um país, dois sistemas”, produziu de fato uma ruptura entre a realidade e as aspirações democráticas e de alguma autonomia da população da ex-colônia britânica. A lembrança faz algum sentido.
Venceu a mão forte de Jinping, apoiado no Partido Comunista e na Forças Armadas, o que lhe dá um poder que os analistas comparam ao de Mao Tsé-Tung no seus áureos momentos. Não foi necessário sequer um tanque para Pequim destroçar sonhos de mais liberdade defendidos nos últimos meses nas ruas por jovens e combativos manifestantes. Tamanho o poder de Pequim.
A China já executava sua reviravolta de um stalinismo tão ou mais selvagem que o original para um “socialismo de mercado”, quando assinou com a Grã-Bretanha de Margaret Thatcher, em 1984, a passagem da colônia Hong Kong para Pequim em julho de 1997.
Ficou estabelecido que o sistema econômico e a administração de Hong Kong seriam mantidos por 50 anos, até 2034. Muito tempo para que nada ocorresse com uma China em crescimento e com projetos globais de hegemonia.
Hong Kong é importante praça financeira global, e nada indica que a China queira mudar este status. Grande parte do que é investido no país passa pela ex-colônia britânica, em cuja bolsa empresas chinesas têm ações negociadas. Hong Kong é parte da China globalizada. Resta ver se o espaçoso Jinping não estaria semeando inseguranças política e jurídica.
Se isso acontecer, Pequim receberá um fluxo menor de recursos externos. Há sinais preocupantes para a China. A Zoom e a Microsoft estão entre as empresas que passaram a repensar suas operações em Hong Kong, depois da nova legislação imposta por Pequim.
Nunca houve dúvidas de que Pequim interviria de alguma maneira em Hong Kong. Agora, é saber qual preço a China pagará. E se pagará.