Segunda-feira, 25 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 22 de maio de 2015
Um novo lote com obras de arte foi apreendido pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato, em São Paulo. Os 62 trabalhos artísticos faziam parte do acervo do empresário Milton Pascowitch, apontado como operador de propinas a partir de contratos da Petrobras, e de seu irmão, José Adolfo, presos na quinta-feira (21). O material será enviado ao Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, que já abriga 203 obras apreendidas com suspeitos da Lava-Jato desde março de 2014.
Investigadores dizem que a organização que montou o esquema na estatal lavou dinheiro ilícito por meio da aquisição de obras de arte. “É um mecanismo habitualmente usado para lavar dinheiro, [as obras] são pagas com dinheiro em espécie. É um mercado não muito rígido e muito fértil para lavagem de dinheiro”, disse o delegado federal Igor Romário de Paula.
Na casa de Pascowitch foram encontrados, além de obras, documentos referentes a outras peças que estavam registradas em nome do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, que está preso desde março em Curitiba (PR). “Pelo menos três casos já foram identificados em que ele [Duque] escolheu quadro, comprou e solicitou que fosse pago pelo operador”, disse o delegado. Segundo ele, os documentos podem comprovar a suspeita de que três quadros entre os 131 apreendidos na residência do ex-diretor indicado pelo PT, no Rio, em março, tenham sido pagos por Pascowitch. Entre a papelada, uma declaração assinada em setembro de 2014 por um leiloeiro de São Paulo dá autenticidade à escultura em madeira “Raízes”, de 1,60m x 1m, do artista polonês radicado no Brasil Franz Krajeberg. Dois meses depois, um recibo do mesmo leiloeiro atesta o recebimento de 200,5 mil reais de Pascowitch pela venda da peça. Além de Duque, outra investigada pela Lava-Jato com acervo privado de arte apreendido pela PF é a doleira Nelma Mitsue Penasso Kodama, também presa em Curitiba. A ex-namorada do doleiro Alberto Youssef, alvo central das investigações, tinha coleção de arte com obras de Di Cavalcanti, Iberê Camargo e Cícero Dias. Um Renoir era falso.
Exposição
O museu em Curitiba mantém exposição do acervo da Lava-Jato até julho deste ano, com telas do pintor Cícero Dias e do escultor Amilcar de Castro, fotografias de Miguel Rio Branco, acrílica de Nelson Leiner e trabalhos do artista Vik Muniz. O espaço não apresenta estimativa do valor das peças, mas esses nomes figuram entre os mais importantes da arte neoconcreta e contemporânea do País.
Além das pinturas, a PF mantém em seu poder outros objetos de luxo apreendidos desde o início das investigações da Lava-Jato, como relógios cravejados com pedras preciosas, um helicóptero, jato, carros esportivos importados, e dólares, euros e reais em espécie.
Pascowitch e Duque são peças-chave nas investigações que envolvem o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) e sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria. A empresa é investigada por ter mantido relações suspeitas com empresas do cartel que atuava na Petrobras. (AE)