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Variedades Escritor norte-americano lança romance sobre a crise moral de uma família em Chicago no início dos anos 1970

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Jonathan Franzen investiga a vida emocional, espiritual e material de uma família em "Encruzilhadas". (Foto: Reprodução)

Aclamado como um dos grandes nomes da atual literatura norte-americana, Jonathan Franzen, de 63 anos, exerce o ofício literário quase com um fervor religioso, tamanho o cuidado com a escolha das palavras e seu poder criativo, especialmente no efeito que vai provocar na imaginação do leitor. É o que acontece com seu mais recente romance, Encruzilhadas, lançado agora pela Companhia das Letras.

São 600 páginas de uma trama cuja ação se desenrola praticamente em um único dia (23 de dezembro de 1971) da história de uma família de Chicago que vive um momento de crise moral e religiosa. O pastor Russ Hildebrandt vai terminar um casamento infeliz com Marion, mulher que se volta para o catolicismo em busca de apoio. Clem, o filho mais velho, decidiu largar os estudos para lutar na Guerra do Vietnã. Já Becky, embora popular na escola, está flertando com a contracultura, Perry, o caçula, vende drogas para alunos da sétima série, mas decidiu que quer ser uma pessoa melhor.

Personagens à beira de um precipício, cuja imperfeição conquista a simpatia do leitor graças à bela prosa de Franzen – seu uso astuto e inesperado da linguagem, a ressonância emocional trançada no enredo, tudo impulsiona a narrativa. “A literatura é o lugar de pessoas mais complicadas”, disse ele direto de sua cozinha muito iluminada e simples em Santa Cruz, Califórnia, onde mora com a escritora e editora Kathryn Chetkovich. Veja alguns pontos de sua entrevista para o jornal Estado de S. Paulo.

1. Por que a religião te atrai? Acredito que isso surgiu a partir do meu engajamento com a religião e o ativismo pelo clima, pelo ambientalismo. Percebi que os padrões de pensamento do protestantismo cristão replicavam perfeitamente no discurso sobre o destino do planeta e nossas responsabilidades. E também a noção de um juízo final, de viver em um tipo de fim dos tempos.

Ao terminar a leitura, vem a lembrança do início da história e a descoberta de como os personagens passaram por altos e baixos. As ficções mais interessantes são sobre personagens que são falhos. Há algumas maneiras simples de distinguir entre puro entretenimento, um tipo de cultura de massa, e o que se pode chamar de arte, ou literatura. Umas dessas maneiras é notar que a literatura é o lugar de pessoas mais complicadas. Não é sobre heróis e vilões, mas sobre o bem e o mal em cada um de nós. Acredito que é divertido, é obrigatório ler sobre pessoas que erram. Se não fossem elas, os romancistas não existiriam.

2. Russ é um personagem cômico, mas por que tudo que faz é tão humilhante? Tive algumas experiências como essa. Eu me senti humilhado por um grande número de coisas, especialmente quando adolescente. Parte do luxo de envelhecer é que sou mais difícil de ser humilhado da mesma forma. E, novamente, pode ser divertido ler sobre um personagem que sabe exatamente o que fazer sem errar, mas me parece muito mais divertido ler sobre pessoas que fazem tudo errado. E uma das razões é porque pode ser muito mais engraçado.

3. A trajetória de Marion é uma parte intensa do romance, especialmente por seu enquadramento católico. Coisas terríveis acontecem em sua infância e ela se volta para o catolicismo em busca de consolo.

Eu não tinha nenhuma ideia específica para ela quando comecei a escrever o livro. Acho que tinha uma ideia ruim. Eu acreditava que ela era dedicada ao seu marido mesmo que ele estivesse procurando por outras mulheres, ou então que ela tentasse perder peso para ser mais atraente para o marido. E isso foi se desmanchando depois do primeiro capítulo, que trata do Russ, que é uma figura ridícula e bem dúbia. Era difícil simpatizar com a mulher que estava desesperada para permanecer casada. Ela era uma lacuna quando comecei a escrever o livro. Então, quando percebi que seu filho, Perry, que apresento no segundo capítulo, teria dificuldades com vício e com doenças mentais, me ocorreu que poderia haver algo interessante no passado de Marion e foram dois meses maravilhosos em que eu fui fundo no limbo daquele capítulo.

4. Encruzilhadas é a primeira parte de uma trilogia? Pode ser difícil falar novamente sobre personagens sobre os quais escrevi um romance inteiro. Nunca fiz isso antes. Vamos ver se consigo. Mas há muitas possibilidades. Talvez aqueles que foram personagens principais no primeiro livro sejam secundários no segundo. Mas realmente não sei. Prometi uma sequência e estou trabalhando do meu jeito, aos poucos.

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