Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de julho de 2019
Pedro Parente não vive mais em Brasília como nos tempos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), no qual chefiou Casa Civil, Planejamento e Minas e Energia. Nem como quando esteve à frente da Petrobras, no governo Michel Temer (2016-2018), da qual se afastou após a greve dos caminhoneiros por causa do preço do diesel. Mas o atual presidente do Conselho de Administração da gigante BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, segue atento aos movimentos da capital federal.
O executivo adverte que o caminho traçado pela equipe econômica do governo Jair Bolsonaro pode gerar resultados, mas avalia que o governo precisa firmar o compromisso com essa trajetória diariamente. Para que agentes econômicos tenham confiança para voltar a investir, alerta, os sinais contraditórios que são emitidos a toda hora precisam cessar. Para ele, há um consenso sobre a necessidade de reformas, mas a tributária enfrentará mais dificuldades do que a reforma da Previdência.
Leia abaixo alguns trechos da entrevista que Pedro Parente concedeu ao jornal O Globo.
Por que a retomada da economia não vem?
“Ainda existe uma dose de incerteza latente. Existe por parte da área econômica uma linha bastante clara e definida. Mas o governo, como um todo, lança sinais contraditórios. As pessoas e as empresas estão com muita vontade de acreditar, mas ainda não conseguem acreditar 100%. É preciso a confirmação do comportamento virtuoso do governo para os agentes econômicos se lançarem numa linha maior de investimentos.”
Os sinais contraditórios vêm do Palácio do Planalto?
“Falta um comportamento mais uniforme do governo, que gere essa percepção de que há uma coerência bastante forte dentro de tudo o que o governo faz.”
Medidas como a liberação do FGTS geram efeitos concretos para a atividade ou afetam só o consumo de curto prazo?
“Medidas assim ajudam, mas não acho que façam diferença substancial. Isso quer dizer que eu não faria uma medida dessa se estivesse no governo? Não. Mas tão ou mais importante do que medidas como essa seria essa demonstração bastante consistente de direcionamento inequívoco.”
Essa demonstração tem que partir do presidente?
“Isso tem que partir do governo como um todo. O presidente tem exercido com bastante ênfase a sua autoridade presidencial. Então, sem dúvida nenhuma, isso é do governo como um todo, partindo dele.”