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Tito Guarniere Fake news, Covid e Bolsonaro

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Há muitas culpas na expansão descontrolada da doença no Brasil. Mas no rol dos culpados o principal é Bolsonaro. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

Na pandemia, como na política e na guerra, as fake news se espalham mais do que o próprio vírus.

Um estudo recente da Universidade de Harvard e da publicação médica The Lancet, com mais de 96 mil infectados pelo covid-19, concluiu que o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina não apenas era inócuo, como agravava a doença.

A Organização Mundial da Saúde-OMS imediatamente recomendou a suspensão do uso dos medicamentos. Porém, diante da reação de centenas de médicos e cientistas, de que o estudo continha falhas graves, The Lancet – que tem um nome a zelar – “anulou” a pesquisa. A OMS, ato contínuo, voltou atrás e deu prosseguimento ao estudo das drogas.

Em que ficamos, então? Tudo ficou como antes, o que era polêmico continua polêmico. E os contendores da guerra da cloroquina, ridiculamente transformada em arma ideológica, vão continuar aferrados às suas convicções, cada qual exibindo as suas incontestáveis razões.

É certo: devemos obedecer e acatar as recomendações da ciência, e não dar ouvidos aos palpiteiros que, nestas horas, proliferam como ratos. Mas qual ciência nos deve guiar? Era de se pensar que a pesquisa Harvard -The Lancet era jogo jogado, definitiva. Mas se ambas as instituições, centenárias e de alto prestígio, agem com tal incúria, não conferem elementos essenciais de uma pesquisa da espécie, em quem acreditar? Quanto à OMS faz tempo que ela erra feio e muda de opinião.

No Brasil, o Ministério Militar da Saúde-MMS decidiu divulgar somente às 22 horas os números da covid-19, e deixando de assinalar o total acumulado dos óbitos, até a data. A ideia de jerico pretende evitar que as estatísticas macabras sejam noticiadas no Jornal Nacional, da Globo.

E mais: o MMS está para recontar o número total de mortes pelo covid-19 – estados, municípios, autoridades sanitárias e sabe-se lá mais quem, estariam inflando as estatísticas macabras com mortes de outras causas.

Maquiar estatísticas e resultados é prática de estados totalitários. Agora Bolsonaro, cada vez se achando mais próximo de Deus, vem de estabelecer uma “cota” máxima de divulgação, de mil mortes por dia pelo coronavírus. Até quando os militares, que se têm na alta conta de honrados e patriotas, vão chancelar a mentira, o embuste?

O governo reclama que as fake news são uma arma dos opositores, entre eles e assim considerados os meios de comunicação. Mas olhando de perto, com cuidado, o governo é uma usina inesgotável de esforços para negacear, falsear os fatos, esconder a verdade, embaçar a opinião pública. As fake news são parte indissociável do seu estilo e táticas de ação.

Há muitas culpas na expansão descontrolada da doença no Brasil. Mas no rol dos culpados o principal é Bolsonaro. Além de ter se omitido de assumir a coordenação geral no combate ao flagelo, dedicou boa parte do seu precioso tempo na função de garoto-propaganda da cloroquina – a panaceia de cura -, de criticar o isolamento social como um exagero e uma fraude, e de culpar os outros pelo descalabro. Além de pouco fazer, atrapalhou.

 

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https://www.osul.com.br/fake-news-covid-e-bolsonaro/ Fake news, Covid e Bolsonaro 2020-06-13
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