Variedades Gal Costa causou polêmica ao cantar com seios de fora durante parte de um show em 1994
Por Redação O Sul | 10 de novembro de 2022
Falecida nesta semana aos 77 anos, a cantora baiana Gal Costa protagonizou episódios emblemáticos e também polêmicos ao longo de quase seis décadas de carreira. Um dos mais marcantes foi uma performance em março de 1994, na qual ela deixou os seios à mostra em uma das músicas de um show no Rio de Janeiro.
Reportagens da imprensa na época registram que a atitude dividiu opiniões. Ela foi recebida com aplausos “tímidos” e também entusiasmados da plateia, onde estavam colegas como Alcione, Caetano Veloso, Djavan, Elba Ramalho, Ney Matogrosso e Sandra de Sá, além de atores e outras personalidades misturadas ao público em geral.
Em entrevista ao jornal “O Globo” dias depois, a artista contou como se sentiu ao deixar o casaco aberto para os espectadores. “Estou adorando ser atriz. Mostrar os meus seios foi uma postura política, como uma arma!”.
Na ocasião em que apareceu de busto nu, a cantora interpretava o rock “Brasil”, de Cazuza. A letra de teor político havia conquistado o País seis anos antes, na voz da própria Gal, em uma versão impulsionada pela execução diária como tema de abertura da novela “Vale Tudo” (1988), um dos maiores sucessos na história da dramaturgia televisiva nacional.
Bastidores
No show até hoje lembrado, Gal Costa trabalhou sob direção cênica do diretor teatral Gerald Thomas, que relembra os momentos na companhia da musa nos bastidores dos espetáculos.
“Ela estava esquentando a voz, uma hora e meia antes de subir ao palco, às vezes ficava com ela no camarim, não usava nenhuma música do show para esses exercícios”, compartilha, aos 68 anos.
Thomas prossegue: “Percebi que ali estava uma cantora de blues, mais que qualquer outra coisa. Quando ela cantava debaixo daquelas lâmpadas de camarim, sua fisionomia mudava. Ficava com cara triste, como uma cantora ou um cantor tem que ter, que é para abrir o espectro do canto. É uma conexão com Deus, e ela tinha isso”.
Sobre a morte, o diretor se mostrou abalado em declarações à mídia desde a notícia da morte de Gal: “Estou completamente arrasado e não poderia ser diferente. Não paro de pensar nessa musa que conheci, sorridente, desnudada ou vestida e que topava tudo, atrevida, que se joga numa ideia e, por isso mesmo, esteve na vanguarda da Tropicália, na segunda metade da década de 1960 e movimento mais importante da música brasileira”.
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