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Colunistas Lembranças que ficaram (18)

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

As panelas de ouro enterradas

Na minha infância e juventude ouvi muitas histórias contadas pelos mais velhos em muitas noites em viagens ou em visita a conhecidos ou parentes, ou numa roda de chimarrão num hotelzinho de vila perdida nos campos, sobre “panelas de ouro” cheias de dobrões de ouro que por ali foram enterrados. De Cruz Alta (“Santa Fé” do Érico Veríssimo) no caminho dos 7 Povos das Missões (Santo Ângelo, São Miguel, São Luiz, São Borja, São Nicolau, São Lourenço, São João) e Itaroquém, Nhú-Porã, Vila 13, Caibaté. Garruchos e vilas e povoados por aquelas bandas. Embora Uruguaiana, Itaqui, São Borja, Santiago, Alegrete, Rosário e Rio Pardo sejam também citados. Muitos desses lugares mudaram de nome por emancipação ou alguma razão política.

Toda essa região foi no passado ora de Portugal, ora de Espanha e havia incursões de castelhanos e de bandidos que matavam para roubar ou por puro banditismo. Então os moradores que tinham, enterravam os dobrões de ouro e peças de valor, espanhóis ou portugueses, que trouxeram da Europa em valores diversos ‘facilitados’ pelos respectivos Reis, para encorajá-los a virem para o Novo Mundo e colonizarem longes terras. E isso não é fantasia. Eu soube de diversas histórias reais. Casos concretos que eu sei foram muitos e verdadeiros. Nas terras de meu nono José (Bepi) no Faxinal e não muito longe dali nas terras onde morava meu tio-avô Henrique Stumm, no caminho para Santa Lúcia sei de pelo menos 5 casos de panelões de cerâmicas que foram desenterrados e que por dedução continham coisas de valor e por isso foram enterrados. Contam, também os antigos, que próximo a Santa Lúcia (vilarejo perto de Dr. Bozano) tem enterrada e lá está para alguém achar, uma imagem de Na. Sra. cujos dois olhos são dois enormes diamantes, assim como que na casa que o tio Henrique Stumm morava e hoje mora alguém de sua 4ª (ou 5ª) geração e agora chamada “Rincão das Figueiras”, tem enterrado próximo a uma das enormes e antigas figueiras, uma dessas ‘panelas de ouro’. Sei e contam (minha mãe em 2020 estava com 102 anos e confirmava) que um dos empregados do tio Henrique, um dia, lá por volta de 1935, vindo de carroça pelo campo, de repente a roda de trás da carroça afundou no chão aparentemente no que seria a boca da toca de um tatu… e o assunto ficou por isso mesmo. Dois dias depois o agregado sumiu e nunca mais apareceu, mas 2 ou 3 dias depois outro agregado fazendo o mesmo caminho do desaparecido, encontrou naquele lugar, os cacos de um grande jarro de cerâmica. O que será que tinha ali?… nunca mais se soube do cara…

Atrás do Cemitério de Dr. Bozano, em terras que foi de meu avô e onde ele está enterrado (ele doou o Campo Santo) na década de 30 havia uma árvores que todos achavam ‘suspeita’. Por quê? Não sei. Mas, conta minha mãe, um dia no final de 1939, ao lado do Cemitério se instalou um acampamento de Ciganos (era muito comum antigamente esses acampamentos) e lá ficaram alguns dias e de algumas coisas se abasteciam na “venda” do meu ‘nono’. Cedinho numa certa manhã sem terem comentado a intenção de irem embora, levantaram acampamento e sumiram. Pois exatamente embaixo dessa tal árvore ‘suspeita’ estava cavado um buraco de regular tamanho e os cacos de um grande Jarro de Cerâmica.

Em ‘conversas de cocheira’ ainda comenta-se pelo Rio Grande afora, de imensos tesouros dos índios e padres jesuítas que sumiram (enterrados) quando das ‘guerras guaraníticas’. As coisas subterrâneas e misteriosas sempre alimentaram o imaginário humano.

Pelo sim pelo não, nas quase 20 vezes em que estive nas ruínas de São Miguel, desde 1950, assim como quem não quer nada, andei por todos aqueles matos e aqueles cantos, no entorno da Igreja e das ruínas, olhando firme pois ‘de repente’ podia ser que notasse a entrada encoberta “de um desses túneis”…

Topei com ouriços, cobras, aranhas enormes, mas nenhum túnel… Diz o velho adágio: “O que é teu, te acha”. Alguém, em algum tempo, vai achar cada um desses “enterros”. “Da Anna Terra ou do Capitão Rodrigo, ou talvez da Bibiana” com o vento minuano ‘cantando’ pelos campos.

(Luiz Carlos Sanfelice, advogado. auditor – E-mail: lcsanfelice@gmail.com)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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https://www.osul.com.br/lembrancas-que-ficaram-18/ Lembranças que ficaram (18) 2024-04-17
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