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Comportamento Mimado? Fechado? Especialistas apontam mitos e verdades sobre o filho único

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O cenário mundial aponta para um crescimento nas famílias com apenas um filho. (Foto: Freepik)

Ser filho único é uma tendência crescente. Quando escolha, os motivos são tão pessoais quanto variados. É importante considerar que as mulheres têm seu primeiro filho cada vez mais tarde: segundo a Direção Geral de Estatística e Censos (Ministério de Fazenda e Finanças GCBA) da Argentina, em 2009, a idade média das mães de primeira viagem era de 27 anos. O número aumentou e, em 2022, chegou a 31 anos.

Além do desenvolvimento profissional da mulher, que a leva a adiar a chegada do primeiro filho, há outros motivos pelos quais as famílias com um único filho estão crescendo, como o deterioramento econômico do país e várias questões pessoais.

“É importante pensar na história dessa família, se foi uma escolha ter um filho único ou se foi uma realidade com a qual se depararam. Talvez, tenham tido um primeiro filho, buscaram um segundo e não conseguiram. Então, isso apresenta uma situação diferente para elaborar e para lidar como projeto familiar”, afirma Malena Murga, psicóloga clínica. Nesses casos, é bom reconhecer que se desejou ter mais filhos, mas que só um chegou.

Em relação à criação, a psicóloga considera que há diferenças entre filhos com irmãos e filhos únicos.

“Evidentemente, a presença dos irmãos faz com que a mudança de etapas ocorra um pouco mais rápido. Porque o irmão mais velho faz determinadas coisas e o mais novo o empurra. Às vezes, essas etapas de evolução e de ganhar autonomia demoram um pouco mais no caso de famílias com um único filho porque não há esse empurrão, esse impulso dos irmãos mais novos”, observa.

Sobre a dinâmica familiar, a psicóloga menciona o subsistema de irmãos que se cria em uma casa com vários filhos.

“Na família, há vários sistemas. Um é o conjunto geral, outro é o casamento e o outro é a comunidade de filhos. O filho único tem que passar pela experiência de ser filho de uma maneira diferente porque não pode fazer alianças, já que não tem irmãos para discutir coisas com os pais”, continua.

Segundo Murga, o filho único perde a quantidade de volume e enfrenta o desafio de lidar com a solidão.

“Aqui, os pais influenciam para que esse filho único também aprenda a lidar com essa solidão. É uma realidade com a qual ele teve que lidar. A criança precisa aprender a conviver bem com isso e a desenvolver sua própria vida”, acrescenta.

É comum que um filho único peça irmãos ou pergunte por que não os tem e os pais precisem dar respostas, sempre apropriadas para a idade.

“Eles perguntam, pedem porque acham divertido. Depois, talvez se queixem, mas têm a ilusão de ter um irmão. Um par dentro de casa é a expectativa que toda criança tem”, observa.

Zona de segurança

“Que te tirem o lugar, que tenha que esperar, perder, ceder, que, hoje, é sua vez e, amanhã, não, a empatia, o que acontece com o outro quando você fica com tudo… É mais fácil aprender tudo isso na zona de máxima segurança e com os pais como referências que podem guiar (‘veja como seu irmão ficou quando você ficou com os blocos; o que acha de compartilharmos um pouco?’). Os adultos podem oferecer ferramentas”, diz Alejandra Mignani, neuropsicóloga especializada em criação e neurodesenvolvimento.

Ela reconhece que as crianças vão para a creche cada vez mais cedo, onde, no final, essa etapa ocorre, mesmo que não haja irmãos esperando em casa.

De acordo com uma publicação de Alice Goisis, professora de Demografia e subdiretora de pesquisa no Centro de Estudos Longitudinais da University College de Londres, é uma realidade a preocupação dos pais de filhos únicos com o fato de que crescer sem irmãos possa afetar suas habilidades sociais. No entanto, afirma que as pesquisas descobriram “que os filhos únicos não são diferentes de seus colegas que têm irmãos no que diz respeito ao caráter e à sociabilidade”.

Pares

O conselho de Murga é que os pais de filhos únicos se esforcem para oferecer variados contextos de socialização, além da escola. Essas crianças precisam se movimentar mais e praticar esportes, como futebol e rugby. Não por excesso de atividades, mas por oportunidades de socialização. Ela destaca esportes que desenvolvem trabalho em equipe, empatia, visão e consideração pelos outros.

“Acho que oferecer qualquer alternativa de esporte em equipe ajuda porque ensina, de outra forma, a considerar outras pessoas, a melhorar e a fazer uma boa jogada entre todos.”

Na ausência de irmãos, é positivo cercar essa criança com pares. Além dos colegas de escola, se houver primos de idade semelhante, é conveniente que ela compartilhe momentos e estabeleça laços com eles.

Ao respeitar o desenvolvimento da independência e da autonomia, é aconselhável investigar o que é benéfico para a criança começar a aprender, mesmo que cometa erros.

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