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Mundo Movimento nos Estados Unidos incentiva mulheres a falar abertamente sobre aborto

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Organização nasceu em 2015 quando Amelia Bonow postou um relato sobre o aborto que tinha realizado. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Em 2015, quando Amelia Bonow publicou em suas redes sociais um relato pessoal sobre aborto, ela não poderia imaginar que a hashtag #ShoutYourAbortion (grite ou fale sobre o seu aborto, em tradução livre) geraria tanta repercussão. Na época, milhares de pessoas se juntaram à campanha, que rapidamente se tornou viral, compartilhando suas próprias histórias.

A partir disso, ela percebeu que havia uma necessidade profunda das pessoas de falar sobre o assunto nos seus próprios termos e a mobilização espontânea na internet se transformou em uma organização oficial, focada em normalizar o aborto por meio da arte, da mídia e de eventos comunitários nos EUA.

Diferentemente do Brasil — onde a interrupção voluntária da gravidez é considerada crime, exceto em caso de estupro, risco de vida para a mulher e anencefalia fetal —, nos Estados Unidos o procedimento é legalizado. Mas, nos últimos anos, ganham cada vez mais força ofensivas dos Estados mais conservadores para restringir o direito, contrariando uma decisão da Suprema Corte americana que legalizou o aborto em 1973.

Neste contexto, a Shout Your Abortion tenta amplificar vozes de mulheres que fizeram abortos para normalizar o procedimento e tirar o peso e a culpa atribuída pela sociedade e pelas religiões a essa decisão.

A organização realiza eventos (que na pandemia passaram a ser realizados exclusivamente online) e reúne relatos de pessoas que interromperam uma gravidez. Desde sua fundação, a entidade já recebeu mais de 1.200 histórias de mulheres que fizeram abortos, a maioria dos EUA, mas também da Europa e da América do Sul. Parte dos depoimentos foi compilada em um livro, lançado no ano passado (só disponível em inglês), e outros são publicados na página do movimento no Instagram (também em inglês).

Por e-mail Erin Jorgensen, uma das ativistas que faz parte da Shout Your Abortion, contou como a entidade funciona e falou da importância de se falar sobre o assunto.

Leia abaixo trechos da entrevista:

1) Pode falar um pouco sobre a Shout Your Abortion? Qual é o objetivo principal da organização, como ela foi criada e como funciona atualmente?

O Shout Your Abortion foi formado em 2015, quando a postagem espontânea de Amelia Bonow sobre seu aborto, junto com a hashtag #ShoutYourAbortion, se tornou viral no Twitter. Milhares de pessoas começaram a contar suas próprias histórias de aborto, usando a hashtag. Percebemos que havia uma necessidade profunda de as pessoas falarem sobre o aborto em seus próprios termos e formamos uma organização oficial. A missão do SYA é normalizar o aborto por meio da arte, mídia e eventos comunitários (avançando mais fortemente para a esfera online desde a pandemia) nos EUA.

Trabalhamos para amplificar vozes autênticas de pessoas que fizeram aborto de maneiras criativas, incluindo contação de histórias, moda e arte. Acreditamos firmemente que mudar a cultura é absolutamente vital para mudar a legislação sobre o aborto. E que vozes individuais e coletivas dizendo nossas próprias verdades sobre nossos abortos são extremamente poderosas. Também achamos que falar sobre aborto nem sempre precisa ser pesado ou sério. Pode ser alegre, divertido e bonito também. Depende de nós — não de políticos ou fanáticos religiosos — como queremos falar sobre nossos próprios abortos.

2) O movimento foi fundado em 2015. Depois de cinco anos, o que mudou na sua visão? Você acha que ficou mais fácil ou mais difícil falar sobre aborto?

O aborto ainda é um tema tabu em muitos lugares, mas achamos que a cultura mudou inegavelmente desde nosso início em 2015. Frases como “o aborto é normal” eram inéditas há alguns anos e agora são comuns e até mesmo slogans para grandes organizações aqui, como a Planned Parenthood ou a NARAL. Vemos pessoas falando sobre o aborto cada vez mais nas redes sociais e assumindo o controle de suas próprias histórias. No que diz respeito ao aborto, a paisagem mudou definitivamente para melhor nos últimos cinco anos.

3) Como vocês coletam as histórias e quantas já receberam até agora? Há relatos do Brasil?

Coletamos a maioria de nossas histórias por meio de nosso site, ShoutYourAbortion.com. As pessoas enviam textos — às vezes arte e vídeos —  sobre seus abortos, e nós os compartilhamos em nosso site e, em seguida, em nossos canais de mídia social. Também recebemos histórias nas nossas redes sociais, principalmente através do nosso Instagram. Temos cerca de 1.200 histórias no site neste momento. A maioria são dos EUA, mas sim, às vezes as recebemos da América do Sul e da Europa. Quanto ao Brasil em particular, se as pessoas estão falando de um lugar onde o aborto é ilegal, elas tendem a ser um pouco mais discretas sobre de onde exatamente estão escrevendo, então não podemos ter certeza absoluta (no momento, nenhum deles menciona o Brasil especificamente).

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https://www.osul.com.br/movimento-nos-estados-unidos-incentiva-mulheres-a-falar-abertamente-sobre-aborto/ Movimento nos Estados Unidos incentiva mulheres a falar abertamente sobre aborto 2020-09-18
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