Domingo, 13 de julho de 2025
Por adm | 17 de abril de 2020
A única alegação que o novo ministro da Saúde não poderá usar: a de que não sabia onde estava chegando. Nelson Teich terá de se equilibrar sobre uma corda a 20 metros de altura, repetindo o mantra do presidente Jair Bolsonaro: defender a vida, mas admitir que a volta à normalidade é fundamental para a manutenção dos empregos.
Se destoar, fará companhia a Mandetta.
Vamos saber melhor
Espera-se que Teich mantenha a apresentação diária de relatórios, como fazia o antecessor. Muitas perguntas vão testá-lo sobre a lealdade ao presidente. Será a oportunidade de revelar se a aceitação do cargo não foi consequência da emoção ao receber o convite.
Demorou demais
Luiz Henrique Mandetta deveria ter sido demitido ou deixar o cargo por vontade própria há dois meses, quando surgiram os primeiros atritos com o presidente. Pandemia não pode ser enfrentada com divergências tão gritantes e prolongadas.
O ex-ministro começará a se preparar, visando sua campanha ao governo de Mato Grosso do Sul.
Chegou na hora errada
Ópera-bufa é um estilo italiano de comédia, que surgiu no século 18. Mistura caricatura e humor. Foi importada este ano para ser encenada em Brasília. O grande final ocorreu ontem pela manhã, quando Mandetta assumiu o comando do espetáculo. No papel de porta-voz, anunciou que “a troca no comando da pasta deve ser feita hoje ou no mais tardar, amanhã.” Já era carta fora do baralho e continuava no jogo. Nunca se viu isso.
Não perdem a chance
Em função dos fatos recentes, parlamentares bem humorados querem dar o nome de Confusódromo para o trecho que separa o Palácio do Planalto do edifício do Ministério da Saúde.
Recomeçará
Encerrado o round com Mandetta, sobe uma nova placa no ringue de Brasília: Bolsonaro versus Rodrigo Maia. O presidente da Câmara dos Deputados está ofendido com a saída do ministro, seu companheiro de partido.
Novo destino
Toda a vez que há fuga de investidores e queda nas cotações, como agora, operadores da Bolsa de Valores de São Paulo lembram frase de Delfim Netto: “O capital é como água, sempre flui por onde encontra menos obstáculos.”
Piorou muito
Este quadro faz balançar a reeleição do presidente Donald Trump: a produção industrial dos Estados Unidos recuou 5,4 por cento em março. É a queda mais expressiva desde fevereiro de 1946. A fila do seguro-desemprego aumentou em mais 5 milhões e 250 mil pessoas na semana passada, chegando ao total a 22 milhões.
Papéis trocados
Nove entre cada dez economistas concordam: este ano, a China se tornará mais forte ainda na competição pelo mercado mundial. Foi-se o tempo em que o país comunista execrava o capitalismo. Permanece, porém, o espantalho comunista em países capitalistas.
Mudança radical
“Enriquecei-vos”, foi a ordem de Deng Xiaoping, que comandou a China de 1978 a 1992. Nesse período, promoveu a reforma econômica, que ele chamava de segunda revolução. Só não garantiu direitos sociais e trabalhistas.
Pressão sem efeito
Governadores fizeram blitz ontem, pressionando para que o cofre Tesouro Nacional seja aberto. É a chance que veem de suprir a baixa na arrecadação do ICMS. A resposta de Brasília foi uniforme: não vai dar. Até dezembro deste ano, o rombo nas contas públicas chegará a 600 bilhões de reais, sem contar os juros.
Preço alto
O placar eletrônico Jurômetro registrava, às 23h de ontem, 93 bilhões e 430 milhões de reais. Valor pago pelo governo federal desde 1º de janeiro deste ano para rolar sua dívida. Equivale a uma vez e meia a receita prevista de tributos que o Rio Grande do Sul recolherá durante todo o ano.
Visão distante
O editorial do extinto Diário da Noite, editado em São Paulo, afirmou a 17 de abril de 1950: “É visível a desorientação geral dos partidos. Essa situação se repete. Vão e voltam todos, ora para um lado, ora para outra sem diretriz.” Na época, havia 10 partidos. Imagine-se a interpretação do mesmo jornal hoje, quando existem 33 e o balcão de negociações se entende a perder de vista.
É a rotina
O orçamento de guerra, sobre o qual o governo fala agora como novidade, faz parte do dia a dia da maioria dos brasileiros há bastante tempo.