Quarta-feira, 02 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 17 de fevereiro de 2021
O Facebook anunciou nessa quarta-feira (17) restrições para o compartilhamento e visualização de notícias na plataforma na Austrália. A medida é uma resposta a criação de uma lei no país que obriga os gigantes da tecnologia a pagarem aos meios de comunicação pelo uso de notícias.
“A proposta de lei fundamentalmente confunde a relação entre a nossa plataforma e os produtores de conteúdo que a usam para compartilhar notícias. Isso nos deixou diante de uma escolha dura: tentar cumprir uma lei que ignora a realidade da nossa relação ou parar de permitir que conteúdos noticiosos circulem nos nossos serviços na Austrália. Com o coração pesado, nós estamos escolhendo o último”, diz trecho de um comunicado emitido pela empresa.
O texto, que foi assinado por William Easton, diretor do Facebook na Austrália e na Nova Zelândia, também acusa o governo de ter sido intransigente com a questão. Segundo a rede social, em 2020 foram gerados cerca de US$ 5,1 bilhões de referências gratuitas para as empresas de notícias do país.
“Para o Facebook, o ganho comercial com notícias é mínimo. Elas representam menos de 4% do conteúdo que as pessoas veem no feed. O jornalismo é importante para uma sociedade democrática e por isso nós criamos ferramentas gratuitas para ajudar as organizações de imprensa ao redor do mundo a inovarem no seu conteúdo para o público”, diz Easton em outro trecho.
A ação não afetará somente os australianos, pois o resto do mundo não verá mais qualquer tipo de notícia oriunda de um veículo do país da Oceania. A gigante disse, ainda, que está conversando com o governo da Austrália há três anos, mas que infelizmente não foi possível chegar a um acordo justo para ambas as partes.
Nesta semana, o Google anunciou acordos com a mídia australiana para ter acesso às notícias. Em um dos contratos, a empresa gastará US$ 30 bilhões para ter acesso ao conteúdo. Antes, o buscador havia ameaçado bloquear o buscador no país.
Rede continua ativa
Apesar das restrições sobre as notícias, o Facebook comunicou que a rede social continua ativa no país. Os usuários comuns podem continuar utilizando a plataforma com suas outras funções.
No caso de editores, a proibição não deixa eles publicarem qualquer tipo de conteúdo em suas páginas. Foi mantido o acesso a outros serviços, incluindo ferramenta de dados e CrowdTangle.
Pagamentos
Desde meados de 2019 o governo da Austrália discute obrigar não somente o Facebook, mas também Google, Microsoft e outras big techs a pagarem valores para as empresas de mídia do país. Entre os argumentos, os legisladores locais entendem que as gigantes da internet geram uma receita enorme com publicidade em materiais produzidos por terceiros e que parte pequena dessa verba vai para quem produziu o conteúdo original.
A proposta, que criaria um “código de conduta” para as empresas tech, está sendo redigida com a ajuda de órgãos como a Comissão Australiana de Competição e do Consumidor.
Enquanto a Microsoft concordou em repassar valores para os produtores de mídia, Google e Facebook se negaram a aceitar qualquer decisão neste sentido. A companhia de Mark Zuckerberg chegou a ameaçar que bloquearia o compartilhamento de notícias, como efetivamente aconteceu nessa quarta.