Terça-feira, 08 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 16 de agosto de 2020
O Facebook está dando início à integração do Messenger com as conversas do Instagram. De acordo com o site The Verge, editores da publicação, ao realizarem a última atualização do Instagram, receberam um alerta com a novidade.
O alerta informa que “existe uma nova forma para trocar mensagens no Instagram” e lista uma série de ferramentas, como novas cores, mais emojis e, a grande novidade, “conversas com amigos que usam Facebook”. A companhia não fez anúncio oficial da novidade, que, de acordo com o The Verge, funciona tanto para iOS como para Android.
Os rumores sobre a integração dos aplicativos de mensagem de diversos produtos do Facebook começaram em janeiro do ano passado. Dois meses depois, o próprio Mark Zuckerberg confirmou a notícia, informando que a companhia estava trabalhando para permitir que usuários do Messenger, do Instagram e do WhatsApp trocassem mensagens entre si. O WhatsApp não é citado nesta atualização do Instagram.
A integração dos aplicativos de mensagem é mais um passo dado pela companhia para a aproximação de seus produtos. Após as saídas conturbadas de Jan Koum e Brian Acton, criadores do WhatsApp; e Kevin Systrom e Mike Krieger, fundadores do Instagram, Zuckerberg assumiu o comando total das três principais plataformas do grupo.
Nos últimos dois anos, a companhia se esforçou para deixar claro para os usuários que tanto o Instagram como o WhatsApp são propriedade do Facebook, que incluiu uma campanha de reformulação das marcas, que receberam o selo “From Facebook”.
O Instagram foi comprado pelo Facebook por US$ 715 milhões em 2012 e possui mais de 1 bilhão de usuários. No ano passado, a plataforma respondeu por quase um quarto do faturamento da companhia.
Boicote
Não é todo dia que alguém decide comprar uma briga com a maior rede social do mundo. Com quase 2,5 bilhões de pessoas usando suas plataformas diariamente – a conta inclui também Instagram e WhatsApp –, o Facebook parece ser uma força inabalável. Mas não é o que pensa James Steyer, 64 anos, fundador da Common Sense, ONG americana que promove os direitos infantis na mídia. Nascido em Nova York e corado pelo sol da Califórnia, Jim, como é conhecido pelos mais próximos, é uma das mentes por trás da campanha Stop Hate for Profit (SHFP), que convocou um boicote de anunciantes ao Facebook durante o mês de julho. O pedido era para que as empresas deixassem de anunciar nas plataformas de Mark Zuckerberg durante 30 dias em protesto contra a disseminação de conteúdo da rede social.
Advogado e professor da Universidade Stanford, Jim acredita que é preciso colocar limites ao império de Zuckerberg. “O Facebook está do lado errado da história”, diz ele em entrevista exclusiva ao Estadão. “Eles amplificam discursos de ódio, racismo, supremacia branca, teorias da conspiração e desinformação”, explica. Para ele, a rede social é permissiva quanto à publicação desses tipos de conteúdos.
A estratégia da campanha é óbvia, mas nada trivial: fazer o bolso de Mark Zuckerberg sangrar e gerar danos à reputação de seu império. O Facebook tem receita anual de cerca de US$ 70 bilhões com publicidade. Logo, convencer os anunciantes a apoiarem a causa é inevitável. Para surpresa de muitos, inclusive de Jim, a jogada parece ter dado certo.
Quando foi anunciada, a SHFP não tinha o apoio de nenhuma marca de peso. Em pouco tempo, porém, cerca de 1,1 mil anunciantes aderiram, incluindo Coca-Cola, Honda e Adidas. “Percebi que tínhamos tido sucesso quando a (operadora) Verizon e a Unilever se juntaram, pois essas empresas são muito conservadoras e não se envolvem em políticas.”
A campanha ganhou força com os protestos antirracistas que tomaram as ruas dos EUA após o assassinato de George Floyd, no fim de maio. Jim admite que isso ajudou a criar as condições ideais para o lançamento, mas o plano inicial era ter atacado antes. “A ideia era ter lançado mais cedo, mas a covid-19 adiou os planos”, conta. As conversas que deram origem ao movimento começaram no segundo semestre de 2019 e envolveram Jim, a Anti Defamation League (ADL), organização que luta contra o antissemitismo, e também o ator Sacha Baron Cohen, conhecido no cinema pelo personagem Borat.