Domingo, 06 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 13 de setembro de 2015
Poucos anos depois de desembarcar no Brasil como uma alternativa prática aos mapas impressos, o GPS (sistema de localização por satélite) passa por uma transformação significativa no País. De janeiro a abril deste ano, as vendas de aparelhos caíram 63,6%, para 85 mil unidades, em comparação com igual período de 2014. Em valores, a retração foi de 61%, para 25 milhões de reais. O resultado foi um banho de água fria à indústria. Desde 2008, as vendas de aparelhos de GPS evoluíram no Brasil até atingir seu ápice, em 2013, quando foram quase dez vezes maiores que cinco anos antes.
A mudança de rumo aconteceu apenas um ano depois, como indica estudo da empresa de pesquisas Gfk. As vendas recuaram 57,5% em 2014 em relação a um ano antes, para 493 mil unidades. Em valores, a redução foi de 55%, para 141 milhões de reais.
Esse cenário engloba o desempenho dos aparelhos portáteis, que podem ser carregados pelo usuário e representam 98% do mercado, e os embarcados em veículos. São, ao todo, 25 marcas e 145 modelos. Os celulares com função de GPS não estão incluídos nesses números.
O estudo mostra que o usuário não quer mais saber simplesmente como chegar do ponto A ao B, mas quanto tempo levará para isso e como desviar dos congestionamentos. O levantamento inclui o equivalente a 80% dos canais de venda de GPS, disse Alex Ivanov, diretor de negócios da Gfk.
Para o executivo, o crescente número de celulares com GPS embarcado e aplicativos de localização grátis são os principais vilões que causaram impacto nos fornecedores de GPS.
Google Maps e Waze, por exemplo, fornecem informações de trânsito em tempo real, com atualização de mapa on-line. Já a maioria dos aparelhos GPS requer uma taxa anual para essa atualização, que pode variar de 15 reais a 60 reais.
Roni Wajnberg, diretor de tecnologia da informação da Oi, garante: “O celular matou o aparelho GPS, sim. Mais de 95% das pessoas que usavam GPS agora usam celular”.
Ivanov faz algumas ressalvas. “As empresas [tradicionais] têm que se reinventar para concorrer com essa convergência digital. Há nichos específicos em que podem trabalhar, mas de forma diferenciada”, disse.
Além de concorrer com os celulares, os fabricantes de GPS dedicados enfrentam uma competição feroz entre si. Não há fabricação local e os dispositivos são importados da China e de Taiwan, sem cobrança de imposto, diz Claudio Ohashi, gerente-geral da Garmin Brasil. Criada nos EUA em 1989, com meia dúzia de empregados, a Garmin tem hoje mais de 9,5 mil colaboradores no mundo e atingiu receita 2,8 bilhões de dólares em 2014.
As quatro maiores marcas são Multilaser, Aquarius, Garmin e TomTom, nessa ordem, que respondem por 86% do faturamento do mercado brasileiro, diz Ohashi, com base em estudo da Gfk, com dados de fevereiro de 2014 a janeiro de 2015. Marcas com vendas eventuais estão deixando o País.
A predominância local tem sido de aparelhos de preço baixo. Mas a situação está mudando, segundo o responsável pelas operações da Garmin. Para se destacar, algumas empresas estão adicionando valor aos seus produtos, elevando o patamar de preços.
“Deixamos de trabalhar com produtos de entrada porque a competitividade é complicada”, ressalta Ohashi. Segundo o executivo, aparelhos com o mesmo tamanho de tela são vendidos por rivais por um terço de seu preço. Em sua opinião, o cliente que segue esse apelo não analisa cobertura geográfica do mapa nem diferenciais.