Segunda-feira, 19 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 18 de maio de 2025
A confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja de aves comerciais no Rio Grande do Sul acendeu um sinal de alerta nos sistemas de vigilância sanitária pelo País. Apesar do impacto da notícia, o pesquisador Luizinho Caron, da Embrapa Suínos e Aves, alerta que não há motivos para a população se preocupar e o trabalho que tem que ser feito é erradicar o foco da doença.
Se antes as ocorrências eram em aves silvestres, com a confirmação da influenza aviária de alta patogenicidade em um criatório a área precisou ser isolada e os animais restantes acabaram eliminados. Segundo o pesquisador, trata-se do que é previsto no protocolo da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Caron lembra que há dois anos houve a confirmação da doença de Newcastle em aves silvestres. “O primeiro ponto é que existem outros países produtores que têm o problema. Não é algo para ficarmos assustados. O Brasil teve 20 anos para se preparar e estamos prontos para fazer a despopulação do foco e voltar a produzir rapidamente”, diz o pesquisador.
Cenário futuro
Sobre o cenário mais provável para a gripe aviária no Brasil nos próximos anos, Caron lembra o País tem adotado, com sucesso, as medidas de biosseguridade para se evitar ao máximo a entrada da doença, mas falhas sempre podem ocorrer. Nem sempre, diz ele, “como ocorre em outros países, vamos conseguir saber a real forma como o vírus chegou às aves”. Para o pesquisador, é importante o país continuar alerta e trabalhar as medidas de biossegurança, fazer a manutenção da tela das cercas de proteção nos criatórios, bem como os funcionários trocarem os calçados e tomarem banho antes de entrar nas granjas e ter contato com as matrizes.
O processo de investigação para assegurar que o foco da doença está erradicado leva, segundo ele, poucos dias. “Mas tem um período de 60 dias para fazer uma investigação nas granjas vizinhas e criatórios. Primeiro, num raio de 1km, depois 3km e aí chega em até 10km”, explica o pesquisador da Embrapa.
Barreiras sanitárias
Caron explica ainda que no caso da influenza aviária, as barreiras sanitárias atinge um raio de 10km, onde é feito um bloqueio. Tudo o que entra ou sai desse raio passa pela checagem do serviço de defesa, que vai dizer o que pode ou não. Todo Estado, porém, tem a sua barreira sanitária. “Mas trata-se de um caso contido, não há nenhum sinal de que a doença esteja disseminada. O foco é fazer a contenção e eliminação das aves de maneira rápida”.
Sem motivos para pânico
O pesquisador da Embrapa Suínos e Aves esclarece que a gripe aviária, para a população, não tem maiores implicações. “A doença não é transmitida pela carne ou ovos e, sim, por vias respiratórias”, diz Luizinho Caron.
Entretanto, as pessoas envolvidas mais próximas dos focos precisam ter treinamento, serem capacitadas a fazer a despopulação. “Mas isso vai ser resolvido com os profissionais de defesa. Eles têm o pessoal capacitado para fazer a eliminação dos focos”. Então, para a população em geral, não é uma doença de alto risco, apesar de terem alguns casos no mundo.
“A doença existe desde 1996 e, até hoje, menos de 900 pessoas se infectaram e elas tiveram contato muito próximo com aves doentes. Então, não há motivos para pânico”, explica.