Sábado, 04 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 22 de junho de 2020
Os planos de saúde registraram, em maio, o menor uso por seus beneficiários desde o início da série histórica iniciada em 2016. O boletim da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), divulgado nesta segunda-feira (22), mostra que a suspensão de cirurgias e exames eletivos, por conta da pandemia do coronavírus, fez o desembolso das operadoras frente ao valor recebido de mensalidades cair de 76% em abril para 66% no mês passado.
Isto é, do que as empresas do setor receberam de seus usuários, gastaram 66% para coberturas de atendimentos assistenciais. A média dos últimos quatro anos era de 76%, sendo o pico de 85%, em abril e junho de 2016.
O levantamento da ANS, com dados fechados em 31 de maio, também mostra uma ligeira alta do número de inadimplentes: a média subiu de 13% para 16%.
Apesar da redução de custos, os planos de saúde não têm facilitado a negociação dos consumidores em dificuldade para pagar as mensalidades, diz Ana Carolina Navarrete, coordenadora de pesquisa em saúde, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec):
“A inadimplência já subiu um pouco e a tendência é se agravar, já que as empresas estão dificultando a negociação de mensalidades. Por isso é tão importante que projetos de lei como PL 1542/20, que suspende os reajustes de planos de saúde, já aprovado no Senado e agora indo para a Câmara, tramite com celeridade e seja aprovado”, destaca.
Custo de internação
O boletim da ANS também informa dados sobre tempo e custo de internação de pacientes por Covid-19 na saúde suplementar. Para esses dados, a agência decidiu usar uma mediana em vez de uma média simples. Segundo a agência, “a mudança foi feita por ser a mediana mais adequada quando há dados discrepantes – natural em virtude da grande heterogeneidade do setor –, evitando que valores destoantes interfiram no resultado da análise”.
O boletim diz que a mediana de dias de internação na UTI por Covid-19 passou de 10,9 dias em abril para 12 dias em maio, o que elevou o custo por internação de R$ 40.477,00 para R$ 48.150,00 Também contribuiu o encarecimento da diária de internação, que subiu de R$ 3.714,00 para R$ 4.013,00.
Nos leitos comuns, a mediana de dias de internação também subiu, de 5,1 para 5,8 dias. O custo por diária aumentou de R$ 1.611,00 para R$ 1.808,00, e o custo total por internação, de R$ 8.133,00 para 10.393,00.
Os dados consideram informações prestadas por 50 operadoras de planos de saúde que têm hospitais próprios. Segundo essas operadoras, os leitos para Covid-19 registraram 61% de ocupação em maio, se considerados leitos comuns e de UTI. Em abril, o percentual de ocupação foi de 45%. Para os demais procedimentos, também houve alta na ocupação, de 54% em abril para 61% e maio. O percentual continua abaixo de fevereiro, quando a ocupação de leitos para procedimentos não relacionados à Covid-19 era de 69%. A ocupação geral de leitos nos hospitais dessas 50 operadoras também ficou abaixo dos 76% registrados em maio de 2019. As informações são do jornal O Globo e da Agência Brasil.