Terça-feira, 03 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de abril de 2024
Quando o Irã lançou mais de 300 drones e mísseis contra Israel, na noite de sábado (13/4), em retaliação a um ataque no início de abril ao seu consulado em Damasco, na Síria, os aliados de Tel Aviv intervieram a seu favor.
As forças aéreas dos Estados Unidos e do Reino Unido ajudaram a abater diversos desses projéteis. A França também pode ter participado do patrulhamento da área, embora não esteja claro se os franceses derrubaram algo.
Mas o que chamou muito a atenção foi o fato de a Força Aérea da Jordânia também ter cooperado. O país abriu seu espaço aéreo para aviões israelenses e americanos e, aparentemente, derrubou drones que o invadiram.
Segundo a agência de notícias Reuters, moradores ouviram intensa atividade aérea, e nas redes sociais circularam imagens de restos de um drone abatido no sul de Amã, capital da Jordânia.
“Estados do Golfo, incluindo a Arábia Saudita, também podem ter desempenhado um papel indireto, já que eles abrigam sistemas de defesa aérea do Ocidente, aeronaves de vigilância e reabastecimento que teriam sido vitais para o esforço”, informou a publicação britânica The Economist.
Nas redes sociais, alguns observadores viram no envolvimento árabe uma prova de que árabes e israelenses podem trabalhar juntos e que Israel não está sozinho no Oriente Médio.
“Podemos não conhecer por um tempo todos os detalhes da cooperação árabe nesta noite para a interceptação do ataque iraniano a Israel, mas foi sem dúvida significativa, incluindo o uso do espaço aéreo da Jordânia. Certamente isso ajudou a salvar muitas vidas israelenses”, postou no X (antigo Twitter) o jornalista Anshel Pfeffer, do diário israelense Haaretz.
Diretor do programa de Oriente Médio e Norte da África no Conselho Europeu de Relações Exteriores, Julien Barnes-Dacey aponta que mesmo importantes países árabes críticos à guerra em Gaza, como é o caso da Jordânia, apoiaram a reação militar israelense às bombas enviadas por Teerã.
Entenda o caso
Há décadas o Oriente Médio é dividido entre linhas religiosas e sectárias, com os Estados árabes do Golfo e suas populações de maioria muçulmana sunita enfrentando o Irã, onde predominam os muçulmanos xiitas. A inimizade lembra conflitos anteriores na Europa, quando as duas principais seitas do cristianismo – protestantes e católicos – eram rivais beligerantes.
Países do Oriente Médio central como Iraque, Síria e Líbano, cujas populações são uma mistura de muçulmanos xiitas e sunitas, bem como outras religiões e etnias, se viram no meio de uma disputa por influência entre o Irã e os Estados do Golfo.
Aqui é onde entram em jogo os chamados “agentes” iranianos, grupo que inclui organizações muçulmanas xiitas que o Irã apoia financeiramente, militarmente, logisticamente e até mesmo espiritualmente. Os rebeldes houthis do Iêmen, as milícias conhecidas como Forças de Mobilização Popular no Iraque e o grupo político e militar Hisbolá no Líbano são todos membros dessa aliança patrocinada pelo Irã.
Os islamistas do Hamas também são apoiados pelo Irã – mas são uma exceção, neste caso, já que, assim como a maioria dos palestinos, são muçulmanos sunitas.