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Brasil Saiba por que o Brasil vacinou 88 milhões de pessoas contra a gripe em três meses mas ainda “patina” na imunização contra o coronavírus

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Em meio a disputa política com Doria, Bolsonaro se recusou a comprar doses da CoronaVac

Foto: Reuters
Prioridade é acelerar a campanha, a fim de atingir meta definida para o dia 25 de agosto. (Foto: EBC)

O Brasil virou um exemplo a ser seguido na pandemia. O país superou sua meta e vacinou mais de 88 milhões de pessoas. Quando a campanha começou, a maioria das doses necessárias já estavam nas mãos do governo, que tinha desde o ano anterior acordos para a compra de três imunizantes.

O governo também lançou uma campanha contra os boatos que colocavam em xeque a eficácia das vacinas. O resultado: mais de 45% dos habitantes foram imunizados. Nenhum lugar do mundo vacinou tanto quanto aqui. Essa era a situação do Brasil em junho de 2010, três meses depois do começo da campanha de imunização contra a gripe suína, doença causada por uma variante do vírus H1N1, que causou uma crise global.

O Brasil chega agora, na luta contra a covid-19, à mesma marca dos três meses de vacinação, mas em uma situação bem diferente. Pouco mais de 12% da população recebeu ao menos uma dose, desde 17 de janeiro e só em torno de 4%, tomaram as duas doses.

“A gente continua a ser um exemplo, só que o pior e não mais o melhor como a gente já foi”, diz Cristina Bonorino, integrante do comitê científico da Sociedade Brasileira de Imunologia. A pesquisadora explica que essa diferença é por causa da falta de vacinas.

Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, acredita que hoje mais gente poderia estar vacinada a essa altura do que há dez anos, porque a Covid-19 é uma doença mais perigosa que a gripe suína. “O que move as pessoas é a sensação de risco. Teria filas de pessoas para serem vacinadas 24 h/dia. Mas estamos em uma campanha de vacinação que não tem vacina”, explica.

A epidemiologista Carla Domingues, que coordenou a campanha de vacinação contra H1N1, diz que a situação atual é mais complexa. Isso porque as vacinas são aplicadas em duas doses, em vez de uma como a para H1N1 e os imunizantes têm regimes diferentes. Mas ela acredita que o país tinha o potencial de estar em uma posição melhor, porque a população quer se vacinar e toda a estrutura estava pronta para essa campanha.

Erros

Os três especialistas também concordam neste outro ponto: a falta de vacinas é uma consequência de decisões da gestão Bolsonaro. O governo apostou por muito tempo em um único imunizante, o da AstraZeneca, que foi desenvolvido em parceria com a Universidade de Oxford.

Bolsonaro se recusou a comprar doses da CoronaVac, vacina criada pela chinesa Sinovac com o Instituto Butantan, em meio a uma disputa política com o governador paulista, João Doria. O Instituto, ligado ao governo de SP, diz que ofereceu em julho de 2020, 160 milhões de doses, mas não teve resposta. O presidente também não quis comprar a vacina da Pfizer. Bolsonaro se justificou dizendo que uma cláusula do contrato previa que o governo se responsabilizaria por danos causados pelo imunizante, que usa uma tecnologia inédita. Mas aí a vacina de Oxford atrasou. Erros na pesquisa obrigaram os cientistas a fazer mais testes e a AstraZeneca teve dificuldades para produzir o que prometeu.

Ação diferente

Lula anunciou a compra de um imunizante do laboratório Sanofi Pasteur, em agosto de 2009. Fazia dois meses que a OMS tinha reconhecido que o surto de H1N1 havia se transformado em uma pandemia. A nova variedade tinha sido identificada em abril daquele ano no México e nos EUA – no Brasil, os primeiros casos foram confirmados no início de maio.

Os termos acertados entre o governo e a Sanofi previam a importação de 18 milhões de doses. Depois, também a fabricação de mais 33 milhões de doses pelo Butantan, que tinha um acordo de transferência de tecnologia com essa empresa. O Brasil comprou outras 40 milhões de doses da GlaxoSmithKlein em novembro de 2009. Um terceiro contrato foi fechado em janeiro de 2010, com a Organização Pan-Americana de Saúde para mais 10 milhões de doses.

Desorganização

Diferenças nos critérios de vacinação entre Estados e municípios deixa população confusa, diz Carla. A vacinação começou com 6 milhões de doses da CoronaVac. O primeiro lote da vacina de Oxford só chegou ao país cinco dias depois.

Não houve nenhum esforço para o governo desmentir os boatos, como anteriormente, pelo contrário. O próprio Bolsonaro já questionou a segurança e a eficácia das vacinas em mais de uma ocasião, mesmo depois de elas serem aprovadas pela Anvisa.

“A grande falha do governo foi o negacionismo, de todas as vacinas. Não deram ouvidos à ciência. Agora, estamos sem vacina no pior momento da pandemia”, diz o imunologista.

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