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Colunistas Por que ESG diz respeito a todos nós

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(Foto:Freepik)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Dois dos maiores escândalos corporativos recentes no Brasil — a tragédia de Brumadinho e os casos de trabalho análogo à escravidão em redes varejistas — colocaram em xeque não apenas a reputação das empresas envolvidas, mas também seu valor de mercado, sua relação com investidores e, em alguns casos, sua capacidade de continuar operando.

Mas a verdade é que não precisamos mais olhar apenas para escândalos empresariais para entender por que o ESG é urgente. Basta olhar para Porto Alegre.

Estamos nos aproximando de um ano das enchentes que devastaram a cidade e boa parte do Rio Grande do Sul. Empresas pararam. Famílias perderam tudo. A infraestrutura urbana revelou falhas estruturais históricas. O clima extremo deixou de ser previsão e virou realidade. E com ele, emergiram as perguntas que o ESG nos obriga a fazer:

– O que estamos fazendo, de fato, para reduzir impactos ambientais?

– Como nossas decisões de hoje aumentam ou reduzem a resiliência das cidades?

– Estamos cuidando da nossa cadeia de valor e das pessoas que a sustentam?

– Temos governança suficiente para agir com rapidez, ética e responsabilidade em momentos de crise?

É nesse cenário que o ESG deixa de ser um tema “bonito no papel” e passa a ser uma ferramenta concreta de gestão de riscos, de construção de valor e, em muitos casos, de sobrevivência — não só das empresas, mas da sociedade como um todo.

Mas o que é ESG, afinal? A sigla ESG vem do inglês Environmental, Social and Governance, ou, em português, Ambiental, Social e Governança. O conceito se refere a um conjunto de práticas adotadas por empresas para reduzir impactos negativos no meio ambiente, melhorar suas relações humanas e sociais (com colaboradores, fornecedores, clientes e comunidades) e garantir transparência, ética e responsabilidade em sua governança.
E não, não é apenas sobre reputação. É sobre longevidade.

Entre 1970 e 1990, empresas buscavam evitar crises de imagem. Depois, entre 2000 e 2010, veio o foco em compliance: seguir normas, evitar escândalos, proteger juridicamente a empresa. Mais recentemente, entramos na era da governança comportamental — que exige coerência entre discurso e prática, e uma cultura organizacional mais íntegra.

Mas o ESG é mais do que isso. Ele exige mudança de postura, de cultura e de consciência.

Durante uma formação no IBGC, conheci o Modelo dos Sete Níveis de Consciência, de Richard Barrett. Ele mostra que organizações — assim como pessoas — evoluem em consciência, partindo de preocupações básicas (como sobrevivência e status) até chegar ao serviço à coletividade.

Quanto mais alto esse nível, mais o ESG se torna inevitável. Empresas que operam apenas para gerar lucro rápido e evitar crises podem sobreviver no curto prazo — mas não prosperam num mundo onde catástrofes ambientais e desigualdades sociais são cada vez mais visíveis, sentidas e cobradas.

O ESG real — não o de prateleira — só funciona quando é vivido por quem está no campo de batalha: quem recruta, atende, comunica, produz, entrega. ESG não pode ficar restrito ao conselho ou à alta gestão. É na convivência diária, nas pequenas decisões, nas relações com fornecedores, na forma como tratamos colaboradores e nos preparamos para o imprevisível que ele acontece de verdade.

A tragédia das enchentes nos mostrou que resiliência não se improvisa. Ela se constrói com decisões feitas muito antes da água subir.

A pergunta que fica é: o que você, dentro da sua empresa, está fazendo hoje para que o próximo impacto — ambiental, social ou ético — não pegue todos de surpresa?

ESG é, acima de tudo, uma escolha contínua. E quanto mais consciente ela for, maiores as chances de deixarmos um legado que realmente vale a pena.

Felipe Beck

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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