Segunda-feira, 14 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 8 de julho de 2025
O caminho do meio nunca foi uma opção para Deborah Secco. Com ela, era tudo ou nada, oito ou 80. Intenso, urgente, frenético. “Sempre fui de extremos, mas percebi que não me fazia bem. Ou comia tudo, ou não comia nada. Ou falava tudo o que pensava de uma vez, ou me calava”, diz a atriz. “Após a morte da minha irmã, Ana Luísa (que faleceu aos 5 anos, quando Deborah tinha um e meio, devido a um choque anafilático), minha mãe me criou com uma urgência para a vida. Hoje, tento encontrar o equilíbrio.” Aos 45 anos – e somando 33 de análise –, tem desbravado a calmaria, sem deixar a autenticidade e a ousadia de lado.
A partir do dia 18 de julho, Deborah embarca em uma experiência inédita, como apresentadora do reality “Terceira metade”, do Globoplay, em que casais buscarão mais uma pessoa para o relacionamento. Tema tabu? Não para Deborah. “É preciso abrir o olhar para uma ética diferente da nossa. Eu sou zero preconceitos”, garante, em uma conversa franca de duas horas, após a sessão de fotos deste ensaio de capa, em São Paulo. Desde a infância, quando fez os primeiros trabalhos na TV, na novela “Mico preto” (1990) e na série “Confissões de adolescente” (1994), Deborah vive sob escrutínio público. Protagonizou novelas no horário nobre, como “Celebridade” (2004), “América” (2005), “Insensato Coração” (2011) e “Salve-se quem puder” (2020), e filmes polêmicos, na pele de “Bruna Surfistinha” (2011) e da soropositiva Judite, em “Boa sorte” (2014).
Fez da vida um livro tão aberto que, agora, corta um dobrado para manter longe dos holofotes o namoro com o produtor musical Dudu Borges, seu primeiro relacionamento longo desde a separação com o ator e diretor Hugo Moura, pai de sua filha, Maria Flor, de 9 anos. A busca pela discrição, entretanto, nem de longe impede Deborah de falar sobre sexo, assunto ainda espinhoso para muitas mulheres. “Fomos treinadas para fingir que gozamos, demorei para desmistificar isso. Quero que a geração da minha filha seja diferente”, pontua. “Mas vejo muitas mulheres ‘cool’ me julgando, olhando torto. Entendi que as pessoas não estão preparadas para essa conversa.” A seguir, os melhores trechos da entrevista.
– Apresentar um reality era um desejo antigo? “É uma realização absoluta. E sou totalmente parcial: torço, vibro e fico triste pelos participantes. Temos de tudo ali: pessoas monogâmicas, pessoas poligâmicas, pessoas aprendendo e outras mais livres.”
– Já transou ou teve uma relação a três? O que pensa das novas dinâmicas? “Cheguei ao reality me achando supermoderna, e saí como uma ‘careta’ (risos). Já me apaixonei e namorei mulheres, mas nunca três pessoas. Existem muitas formas de amar. A Regina Navarro Lins (psicanalista) estará no reality e traz um discurso forte, do amor romântico, de que é preciso um ‘príncipe encantado’ para ser feliz. É preciso desconstruir a visão que oprime o diferente.”
– A Regina diz que, numa relação, o que o outro faz quando não está com a gente não é da nossa conta. Você concorda? “Totalmente. No amor romântico, há o sentimento de posse. Quem você é, o que faz quando não estou junto… Se eu viver para controlar isso, o que vai se tornar a minha vida? O que existe de mais potente é a nossa liberdade. Não quero mais um relacionamento de mentira, para ter medo e me sentir oprimida. Esperamos que os combinados sejam cumpridos.”
– Sua relação com Dudu Borges é monogâmica? “Sim. Nunca falei que vivo ou vivi um relacionamento aberto. Minhas relações são vivas, com acordos, tudo é bem conversado. O acordo hoje é a monogamia. Amanhã pode ser outro, não sou contra nada.” As informações são do jornal O Globo.