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Variedades Prestes a rodar a novela “Pantanal”, Dira Paes estreia como diretora em filme que aborda tráfico de animais silvestres

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"Quando comecei a carreira, achei que minha brasilidade fosse ser o meu algoz", disse Dira. (Foto: Divulgação)

Dira Paes e Humberto Carrão estão em volta da fogueira, no alto de um morro dentro da Fazenda Três Marias, em Barra do Sana, no interior do Estado do Rio. Ela cutuca a brasa com um graveto, e dá para ouvir os estalos da madeira, enquanto os dois trocam palavras e olhares sugestivos. São um homem e uma mulher se descobrindo e se deixando levar pelo encontro de suas almas sob o céu estrelado. Durante uma pausa na conversa, os rostos deles tentam se aproximar, mas o silêncio é interrompido por um comando da atriz: “Corta”.

“Nessa hora, vão falar “beija, beija!”. Lá em Belém é assim, o público assiste a cinema comentando”, conta a paraense de 52 anos, antes de soltar uma gargalhada carregada do alívio de quem rodara a última cena de um filme.

Neste caso, é “Pasárgada”, longa que marca o début de Dira na direção de cinema. Na tela, a atriz, que também escreveu o roteiro, é ainda a protagonista da história. Vive a ornitóloga Irene, cujo trabalho solitário combina com seu perfil introspectivo e inábil para o convívio social. A personagem contrata o mateiro Manoel (Carrão) para acompanhá-la em pesquisas na floresta. O roteiro passa pela crise existencial de Irene e pelo tráfico de animais silvestres.

A ideia do projeto veio durante a pandemia. Enquanto refletiam sobre o casamento de 16 anos, Dira e o marido, o diretor de fotografia Pablo Baião (de “Para a minha amada morta” e “Simonal”), acharam que era a hora de colocar em prática o desejo de realizar um projeto juntos. Também era o jeito de extravasar os impulsos criativos num momento em que as produções artísticas estavam interrompidas. Era ainda a oportunidade de Dira construir uma personagem que a desafiasse (“queria o meu avesso, o meu revés”) e de Pablo ter um espaço que lhe permitisse exercer um trabalho mais autoral.

Como são crias do cinema, era natural que a parceria – alimentada por maratonas de filmes, leituras de livros e do poema de Manuel Bandeira que batiza o longa – se desse dentro desse território. Foi nele que Dira estreou como atriz, aos 15 anos, em “A floresta das esmeraldas” (1985). O set não só a constituiu profissionalmente como formou sua personalidade. Ali, deixou de ser menina para virar a mulher que encarna o Brasil em cada pedaço do corpo e representa o cinema nacional em mais de 40 filmes.

“Quando comecei a carreira, achei que minha brasilidade fosse ser o meu algoz, mas ela virou meu grande trunfo”, analisa Dira, lembrando a época em que não via pessoas parecidas com ela no cinema, muito menos se falava em representatividade.

Quarentena inspiradora

Foi numa viagem em família para o Sana, durante a quarentena, que a atriz deu de cara com a locação perfeita para materializar as ideias do roteiro que brotava em sua cabeça. Rodeada pela natureza, onde os filhos Inácio, de 13 anos, e Martin, de 5, brincavam livremente, ela foi se inspirando. Com os pássaros que cantavam em sua ioga matutina, com o rio onde se banhava, com os personagens da região – o trabalhador rural Ilson Gonçalves, o Ciça, virou ator do filme –  e com a estética da fazenda, decorada pela proprietária, Lou Bittencourt. Não teve dúvidas: cravou seu set naquele pedaço de chão. E rodou o longa em três semanas, em dezembro de 2020, com uma equipe de 15 pessoas cercadas pelos protocolos de segurança contra a Covid-19.

Mas, longe de ser uma atriz que resolve fazer um filme e assume apenas o posto de diretora, Dira cuidou dos mínimos detalhes. Usando a experiência de quem sabe como é ruim dormir e comer mal no set, providenciou acomodações confortáveis e até um chef de cozinha renomado (Emerson Pedrosa, ex-Kalango) para alimentar corpo e espírito de sua equipe.

No entanto, antes de rodar o longa, que conta com Cássia Kis e Peter Ketnath (de “Cinema, aspirinas e urubus”) no elenco, Dira tratou de abrir os caminhos também no plano do encantado. Pediu licença à floresta por meio da famosa pajé Zeneida Lima, do Instituto Caruanas do Marajó, que abençoou as filmagens enviando uma canção de louvor à natureza. Até a chuva intensa (“pingos do tamanho da moeda de um real”, compara Pablo), drama de quem filma ao ar livre, foi bem-vinda. O toró acabou servindo para marcar um momento de virada da protagonista, da qual Dira agora se despede para dar lugar a Filó no remake de “Pantanal”.

“Vê como a natureza me chama né? (risos). E, assim, continuo minha jornada em defesa da arte conectada à vida no planeta e às demandas sociais”, diz a atriz, que embarca rumo à nova aventura em setembro. “O que aconteceu no Pantanal (os incêndios de 2020) foi arrasador. A novela acaba sendo homenagem àquele bioma único no mundo. Acho fundamental a gente falar sobre o Brasil para o Brasil.”

Não à toa, Dira decidiu abordar em seu longa o tráfico de animais silvestres. Segundo estimativa da Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), ele tira 38 milhões de espécimes da natureza brasileira por ano e movimenta R$ 3 bilhões.

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