Sexta-feira, 18 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 14 de julho de 2025
Com dificuldade de articulação no Senado, o PT foi obrigado a olhar para o que antes ignorava: os suplentes. O senador Humberto Costa (PE), que coordena o mapeamento das possíveis chapas estaduais do partido para a eleição de 2026, admite que o processo atrasou porque a legenda precisou fazer um pente-fino nos suplentes para avaliar o risco de nomes sem alinhamento com o presidente Lula (PT) – um problema antes negligenciado, mas que agora pesa na estratégia eleitoral diante do avanço do bolsonarismo na Casa.
“(Fazer o mapeamento do partido nos estados) não é apenas avaliar quais são os nomes que estão postos para fazer disputa do Senado, de governo. Mas é também de analisar quais são as consequências. Há estados onde senadores vão disputar o governo estadual. Você não pode levar só em consideração esse embate direto que vai acontecer. (Precisa saber:) quem é o suplente? É alguém favorável ao governo do presidente Lula? Então, essa é uma parte da equação”, explica Costa.
Os problemas de articulação enfrentados no terceiro mandato de Lula acenderam um alerta no partido, que agora revê essa prática na tentativa de evitar que suplentes cheguem ao Senado sem compromisso com o governo.
A preocupação ganhou força após derrotas expressivas na Casa, como a derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Para resolver o impasse, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu todos os decretos que tratavam do imposto e convocou uma audiência de conciliação com líderes do Congresso e representantes do governo Lula para o dia 15 de julho.
Petistas avaliam que parte da dificuldade no Senado está na presença de suplentes eleitoralmente inexpressivos, que, por falta de vivência política, pouco contribuem para a articulação do governo. Entre os exemplos citados nos bastidores estão Jussara Lima (PSD-PI), suplente de Wellington Dias (PT-PI), que se licenciou para assumir o ministério do Desenvolvimento e Assistência Social; e Ana Paula Lobato (PDT-MA), que ocupou a vaga deixada por Flávio Dino, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública indicado por Lula para o Supremo Tribunal Federal.
Além da baixa capacidade de atuação, preocupa o PT a presença de suplentes sem alinhamento ideológico com o governo. Margareth Buzetti (PSD-MT), primeira suplente do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD-MT), é vista como o caso mais delicado. Em votações sensíveis para o Palácio do Planalto, Fávaro precisou ser exonerado e reassumir o mandato para garantir o voto da base.
Foi o que ocorreu, por exemplo, em novembro de 2023, quando a Casa votou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe decisões individuais e pedidos de vista no STF; e também em fevereiro do mesmo ano, na eleição da Mesa Diretora do Senado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.