Segunda-feira, 09 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 31 de outubro de 2015
O número de cirurgias de reconstrução de mama passou de 18 mil, em 2009, para 103 mil, em 2014, segundo levantamento da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) na rede privada de saúde. De acordo com a entidade, a operação reparadora em mulheres que retiraram o seio após o câncer se tornou mais conhecida pelas pacientes e mais estudada pelos médicos.
Uma das explicações para o aumento, na opinião do presidente da sociedade, João de Moraes Prado Neto, foi a repercussão do caso da atriz americana Angelina Jolie. “Cresceu o número de exames e, consequentemente, de diagnósticos”, diz o médico.
Em 2013, a atriz retirou, e depois reconstruiu, as duas mamas, como forma de prevenir tumores.
Cirurgia reparadora.
Classificada como reparadora, esse tipo de cirurgia restaura a forma, a aparência e o tamanho dos seios em mulheres submetidas à mastectomia devido ao câncer de mama, segundo tipo de tumor mais frequente no mundo e com maior incidência no sexo feminino, respondendo por 22% dos novos casos a cada ano, de acordo com dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer).
Coberta pelo sistema público de saúde, a reconstrução mamária, feita por um cirurgião plástico, simultaneamente ao tratamento do câncer, se possível, traz benefícios variados às mulheres. “A cirurgia reconstrutiva da mama promove melhor percepção da autoimagem, recuperando a autoestima e a qualidade de vida da paciente, além de aumentar a adesão ao tratamento e retorno mais breve às atividades diárias”, esclarece Prado Neto.
Esse aumento de 85 mil novas reconstruções mamárias, nos últimos cinco anos, revela um avanço no tratamento do câncer de mama e valorização da cirurgia plástica reparadora. Isso porque demonstra que hoje a comunidade em geral reconhece que é necessário um trabalho multidisciplinar para combater a doença e alcançar resultados melhores. Também reforça a importância das intervenções reparadoras, muitas vezes subestimadas e equivocadamente vistas apenas com funções estéticas.
Segundo o cirurgião plástico Alexandre Fonseca, em muitos casos, a cirurgia pode significar a diferença entre querer viver ou não. “Os seios são símbolos de feminilidade, e a retirada sem reconstrução pode significar muito sofrimento, casos sérios de depressão, além de problemas de relacionamento social e familiar. Não à toa a reconstrução é um direito conquistado pelas brasileiras e vista atualmente como uma das etapas indispensáveis do tratamento.”
Esse crescimento ainda envolve maior número de centros médicos disponíveis para realizar reconstruções mamárias e de cirurgiões plásticos capacitados. E indica que as mulheres estão mais conscientes sobre a importância da intervenção para o seu próprio bem-estar.