Segunda-feira, 06 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 8 de abril de 2020
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, avaliou nesta quarta-feira (08) que a liquidez que já foi injetada na economia por meio das medidas do governo para combater efeitos econômicos do coronavírus é suficiente, mas que a autoridade monetária tem mais iniciativas na manga caso seja necessário.
Campos Neto disse que há, por parte do mercado, uma defesa de programas mais agressivos no mercado de câmbio, mas que entende que o mais importante é dar liquidez .
“Sempre entendemos que era importante dar liquidez, não influenciar a trajetória de preço, mas sempre olhando para o Real em relação a outras moedas , nós temos um arsenal bastante grande”, disse.
‘Voltar ao trilho’
Campos Neto também afirmou que o país tem condições de voltar para as políticas econômicas que estavam em curso antes dos efeitos da pandemia do coronavírus.
O presidente do BC defendeu que a agenda original do governo seja retomada , com as reformas estruturais e o incentivo da produção privada. Ele ressaltou que as principais medidas adotadas para o enfrentamento da crise tem caráter temporário.
“Nosso trabalho de comunicação e elaboração das medidas é sempre elaborar com dispositivos que nos coloquem na rota, no trem no trilho de novo assim que a crise passar “, afirmou.
O presidente do BC avaliou que as medidas adotadas pela autoridade monetária até este momento foram boas e rápidas, mas que, se necessário, estão estudando mais ações para o futuro .
“O que dá pra fazer é passar credibilidade para as pessoas que o governo está aqui, que vai ajudar, que não vai deixar ter nenhuma ruptura, que vai olhar os setores mais prejudicados”, disse Campos Neto.
Pós-crise
Na avaliação de Campos Neto, a atual crise pode trazer mudanças significativas para a geopolítica e as cadeias globais de valor . Ele disse esperar as economias um pouco mais fechadas no futuro.
Segundo o presidente do BC, os questionamentos sobre a concentração da produção de ferramentas e equipamentos de saúde em alguns países podem fazer com que as cadeias de produção globais mudem.
Seguindo essa análise, Campos Neto acredita que essa questão pode trazer um distanciamento maior entre os países desenvolvidos e os emergentes, porque os últimos estão muito envolvidos nas cadeias globais.
Além disso, os países desenvolvidos podem ter que voltar a produzir bens, como os produtos médicos, que eles já não produziam, causando um crescimento estrutural mais baixo por alguns anos.
Dessa maneira, os países emergentes seriam muito afetados.
“Temos hoje um modelo de especialização e de cadeia global de valor que permitiu com que cada país se especializasse em alguma coisa e isso é importante porque se a gente pensar o que teve de crescimento do mundo emergente nos últimos anos, grande parte foi essa especialização e essa inserção de alguns países na cadeia global de valor”, disse.