Terça-feira, 03 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de novembro de 2024
Aposentados, pensionistas e beneficiados por programas sociais vinculados ao salário mínimo (como o Benefício de Prestação Continuado (BPC) devem arcar com a maior parte do corte de gastos anunciado pelo governo federal. O pacote divulgado nessa quinta-feira (28) pela área econômica ainda será enviado ao Congresso e precisa ser aprovado por Câmara e Senado para virar lei.
Pela proposta da equipe econômica, a nova regra que limita o crescimento do salário mínimo pode gerar uma economia de R$ 109,8 bilhões entre 2025 e 2030. Isso equivale a um terço da expectativa total de economia de dinheiro público no período: R$ 327,1 bilhões.
Ou seja: para cada R$ 3 poupados com o pacote, R$ 1 seria sobre o pagamento de aposentadorias, pensões e benefícios sociais. Atualmente, o salário mínimo está em R$ 1.412. Em 2025, por exemplo, a projeção é de que o salário mínimo continue crescendo, mas que fique R$ 6 menor (R$ 1.515) com o novo formato.
Pela atual fórmula de correção do salário mínimo, que o governo busca alterar, o valor subiria para R$ 1.521.
Entenda a mudança
Pelo formato adotado atualmente, o reajuste do salário corresponde à soma de dois índices:
– a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 12 meses até novembro – como prevê a Constituição; cujo valor está estimado em 4,66% pelo governo.
– o índice de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores. No caso de 2025, vale o PIB de 2023 — que cresceu 2,9%.
A alta, nesse caso, seria de 7,71% a partir de janeiro de 2025, correspondente ao mínimo de R$ 1.521.
Com as mudanças propostas pelo governo, se aprovadas:
– as regras gerais listadas acima seguem valendo, mas serão limitadas em períodos de alto crescimento econômico;
nesses momentos, o impacto da alta do PIB será de, no máximo, 2,5 pontos percentuais;
– a correção inflacionária segue garantida, qualquer que seja o ritmo da inflação.
Com isso, seria dada a inflação do ano anterior, em 12 meses até novembro, acrescido do PIB de dois anos antes — mas com um teto de 2,5% (mesmo que o PIB de dois anos antes tenha crescido mais do que isso).
Esses 2,5% são, justamente, o limite máximo para os gastos do governo dentro do arcabouço fiscal, a regra para as contas públicas aprovada em 2023.
Desse modo, em 2025, se a nova regra já estivesse aprovada:
– haveria um a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 12 meses até novembro – como prevê a Constituição; cujo valor está estimado em 4,66% pelo governo.
– mais a variação real do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores. No caso de 2025, vale o PIB de 2023.
Mesmo o PIB tendo avançado 2,9% em 2023, com a nova trava de 2,5%, proposta pela equipe econômica, seria aplicado esse valor.
O aumento, com a aprovação da nova fórmula, seria de 7,29%, para R$ 1.515 em 2025.
Com a nova proposta para o salário mínimo, o governo deixará de pagar em aposentadorias e benefícios sociais cerca de R$ 2,2 bilhões em 2025.
Isso porque, de acordo com cálculos do governo, a cada R$ 1 de aumento do salário mínimo cria-se uma despesa de aproximadamente R$ 392 milhões.
Os benefícios previdenciários, entre outros, não podem ser menores que o valor do mínimo.
Veja a projeção de economia ano a ano:
– 2025: R$ 2,2 bilhões
– 2026: R$ 9,7 bilhões
– 2027: R$ 14,5 bilhões
– 2028: R$ 20,6 bilhões
– 2029: R$ 27,8 bilhões
– 2030: R$ 35 bilhões
Referência para 59,3 milhões de pessoas: de acordo com nota técnica divulgada em dezembro do ano passado, e atualizada em janeiro de 2024 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo serve de referência para 59,3 milhões de pessoas no Brasil.
Além dos trabalhadores que, por contrato, recebem um salário mínimo (ou múltiplos do mínimo), há também as aposentadorias e benefícios como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) vinculados ao mesmo valor.
O salário mínimo também gera impactos indiretos na economia, como o aumento do “salário médio” dos brasileiros e a elevação do poder de compra do trabalhador.
A regra geral do arcabouço prevê que o aumento de algumas despesas do governo esteja atrelado ao crescimento das receitas. Além disso, a alta das despesas não pode ser maior do que 2,5% por ano acima da inflação. As informações são do portal de notícias G1.