Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de junho de 2020
A Promotoria de Justiça do Vaticano emitiu nesta sexta-feira (5) um mandado de prisão contra o italiano Gianluigi Torzi, intermediário e um dos acusados de fazer parte de um esquema de compra de imóveis no exterior com dinheiro da Igreja.
A detenção ocorreu ao final do interrogatório do italiano, que estava acompanhado de seus advogados de defesa. A ordem foi assinada pelo promotor Gian Piero Milano e seu vice Alessandro Diddi.
Segundo comunicado oficial, Torzi é “acusado de extorsão, peculato, fraude agravada e lavagem de dinheiro”. Os crimes, segundo a lei do Vaticano, podem resultar em penas de até 12 anos de prisão.
A medida faz parte do inquérito que investiga operações irregulares, incluindo milionárias transações de imóveis no exterior com recursos do Óbolo de São Pedro, sistema de arrecadação dos donativos à Igreja Católica.
De acordo com a Justiça vaticana, Torzi estaria envolvido na venda e compra de um edifício residencial em Londres, em uma transação de US$200 milhões, em parceria com um fundo de Luxemburgo.
Até o momento, o acusado está mantido em instalações especiais no quartel da Gendarmaria. Ele é a primeira pessoa a ser detida no inquérito, que também investiga outros funcionários de alto escalão do Vaticano.
No ano passado, o escândalo já havia levado à suspensão de cinco trabalhadores da Santa Sé, à renúncia do chefe de polícia do Vaticano e à saída do ex-chefe da Autoridade de Informações Financeiras (AIF) do Vaticano.
Novas regras
O papa Francisco aprovou novas regras abrangentes para compras e gastos do Vaticano, concebidas para reduzir custos, garantir uma concorrência transparente e diminuir o risco de corrupção na concessão de contratos.
Uma Carta Apostólica e 30 páginas de normas novas divulgadas na segunda-feira (1) são a culminação de um processo de quatro anos para racionalizar os procedimentos de gastos e combater o nepotismo e o favoritismo.
As regras chegam em um momento no qual a pandemia de coronavírus faz estragos nas finanças do Vaticano, forçando-o a implantar algumas das medidas de controle de gastos mais duras de sua história.
Em sua carta, Francisco disse que as normas novas permitirão “uma redução considerável do perigo da corrupção”.
As regras novas exigem procedimentos transparentes e altamente detalhados para a concessão de contratos de bens e serviços. A maioria dos contratos do Vaticano é com empresas italianas. As informações são das agências de notícias Ansa e Reuters.