Segunda-feira, 14 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 5 de novembro de 2020
O ator Tom Veiga, de 47 anos, que por mais de 20 anos deu vida ao Louro José, morreu, no último domingo (1), vítima de uma Acidente Vascular Cerebral (AVC), causado por um aneurisma, doença que pode ser fatal ou deixar sequelas graves.
E isso independentemente da idade, haja vista que a “bolsa” formada pelo acúmulo de sangue – aneurisma – pode se romper aos 2 anos de idade, aos 30 ou aos 70, às vezes, até mesmo sem sinais, e levar o paciente a óbito.
O AVC hemorrágico, que é o que o Tom teve, ocorre quando o vaso se rompe por aneurisma ou por rompimento próprio. Porém, a maioria dos casos é por aneurisma cerebral, que é uma dilatação da artéria do cérebro, que compõe o polígono de Willis, parte inferior do encéfalo.
“A maioria das pessoas já nasce com esse aneurisma, que é uma fraqueza da camada muscular da artéria, ou seja, na camada muscular faltam fibras musculares, havendo, então, a dilatação, que pode se romper a qualquer momento.”
É o que diz o médico neurocirurgião e professor da Faseh Sérgio Oliveira, ao explicitar a ocorrência da doença. Segundo ele, o aneurisma se assemelha a uma bomba-relógio, em razão de sua imprevisibilidade. “Quando esse aneurisma se rompe, 50% dos pacientes vão a óbito. Dos 50% que sobrevivem, 30% vão viver com sequelas, como perda de movimentos no braço ou perna e dificuldade na fala ou memória. É uma doença com alta taxa de mortalidade, sendo fatal ou deixando sequelas importantes”, frisa.
Apesar da gravidade, Sérgio pontua que este não é único tipo de AVC a atingir a população brasileira. De acordo com o médico neurocirurgião, o acidente vascular cerebral isquêmico é o mais comum. E, diferente do aneurisma, nestes casos, há o entupimento da artéria, falta sangue no cérebro e ele necrosa e morre.
E como identificar a doença? Além de investigar quadros clínicos de dor de cabeça e/ou demais sinais apresentados pelos pacientes, Sérgio elucida que o diagnóstico se torna ainda mais preciso com uma anamnese – histórico do paciente.
“Colhemos todas as informações de sintomas e familiares e realizamos exames. Um deles é a angioressonância, que consegue ver todas as artérias do cérebro e, caso tenha a existência, o aneurisma. Tem-se, também, a arteriografia cerebral digital, o chamado exame de ouro, que confirma, com certeza, se há um aneurisma ou não.”
Sintomas
Sérgio destaca que, tendo em vista a fatalidade do aneurisma cerebral e a dificuldade de saber quando ele pode se romper, é de suma importância que todos se atentem aos possíveis sinais da doença, independentemente de histórico familiar. Entre os sintomas, a principal recorrência é a dor de cabeça, que pode aparecer após a prática sexual e/ou de atividades físicas.
“Essas dores de cabeças normalmente são súbitas e fortes. Elas são chamadas de cefaleias sentinelas, ou seja, são dores sentinelas, pois em casos de aumento da pressão em atividades físicas, eles podem ocasionar microssangramentos. Mesmo assim, qualquer tipo de dor de cabeça precisa ser investigado para que o diagnóstico seja feito. Se for um caso de aneurisma é essencial tratá-lo, mas, se não, é preciso averiguar a causar para, então, melhorar a qualidade de vida do paciente, com os devidos cuidados”, atesta.
Sensação de dormência, formigamento, mitose palpebral e alterações visuais são alguns sinais que também podem ser percebidos em casos de aneurisma. Porém, o professor da Faseh pontua que o aparecimento desses sintomas varia de acordo com a localidade e espessura do aneurisma.
“Se ele for grande, por exemplo, a pálpebra pode ficar mais caída. E se dilatar muito, pode-se haver dormência e parestesias. Ainda, por ser muito próximo do olho, o paciente pode ter diplopia – enxergar uma dupla imagem.”
No entanto, todo cuidado é pouco, pois, conforme o especialista, o aneurisma cerebral pode sequer ter sintomas, o que ocorre na maioria das vezes. Por isso, Sérgio destaca a importância do acompanhamento médico e da realização de exames específicos com um neurologista, principalmente aqueles pacientes que têm histórico familiar da doença.
“Quem tem histórico familiar de pessoas que tiveram mortes súbitas por AVC hemorrágico, seja mãe, pai ou avô, deve se atentar e muito ao alerta e aos cuidados. Agora, se um irmão tem o histórico, a atenção precisa ser redobrada, já que o aneurisma é muito comum entre irmãos. Geralmente, quando há o caso de um irmão ter, testamos todos os outros. Outro fato de preocupação é em casos nos quais o avô teve, mas o pai ou mãe não, pois é comum pular uma geração.” As informações são do jornal Estado de Minas.