Sexta-feira, 16 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 7 de setembro de 2022
Ano após ano batia recordes de lucro e ditava a tendência do que era sexy e do que não era.
Foto: ReproduçãoUm anjo recém-chegado do céu bate as asas em uma série de piruetas antes de pousar com uma explosão azul, em um espetáculo mais parecido com o Cirque du Soleil do que com um show de roupas íntimas.
Da luz ofuscante surge a modelo brasileira Adriana Lima, usando um sutiã push-up metálico e meias de látex rosa até a virilha, seguida por sua compatriota Gisele Bündchen, a modelo mais bem paga do momento, em um berrante triquíni amarelo.
Sentados na primeira fila estão os músicos Sean Combs – mais conhecidos como Puff Daddy ou P. Diddy –, Pharrell Williams, o ator Chris North, que faz o Mr. Big na série Sex and the City, o então magnata imobiliário Donald Trump e sua namorada Melania Knauss.
Estamos em 2003 e ninguém na multidão heterogênea queria perder o nono desfile anual da Victoria’s Secret, a marca de lingerie mais celebrada de todos os tempos.
Depois de uma performance aplaudida de Sting e Mary J. Blige, a última da comitiva de manequins com pernas quilométricas e tangas minúsculas a aparecer no palco é a alemã Heidi Klum.
Encarregada de encerrar o desfile de 40 minutos, ela desfila pela passarela vestida com um conjunto cravejado de diamantes e rendas avaliado em US$ 11 milhões e asas brancas de quatro metros e meio de altura.
Era assim que a empresa se parecia em seu apogeu, quando ano após ano batia recordes de lucro e ditava a tendência do que era sexy e do que não era, como o fenômeno cultural inevitável que se tornara. No entanto, nem tudo foi glitter, e seu status no olimpo do varejo não durou muito. Da escuridão por trás da marca e sua queda retumbante, ainda mais espetacular do que sua ascensão, está “Victoria’s Secret: Angels and Demons”, uma série de documentários em três partes dirigida por Matt Tyrnauer.
Ex-editor da revista Vanity Fair e que já havia dirigido documentários sobre o Studio 54 e sobre o designer Valentino, ele sabia que havia encontrado um tema para um novo trabalho quando em 2019 soube que várias modelos estavam se rebelando contra a empresa nas redes sociais.
“Elas estavam mordendo a mão que as alimentava”, disse o diretor ao jornal britânico The Guardian. “Gosto de contar histórias sobre mundos e sistemas fechados e pensei que havia algo lá.”