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Colunistas Corações embrutecidos

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(Foto: Arquivo/ Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Muito do que foi revelado nas interceptações do The Intercept Brazil já era de causar engulhos – autoridades do Estado cometendo tropelias jurídicas, confundindo e trocando papéis, ajustando entre si condutas cavilosas, que já pegariam mal em cidadãos comuns, quanto mais em servidores públicos.

E notem: não sabemos da missa a metade. Só chegou ao conhecimento público o que foi interceptado em ligações e mensagens telefônicas no aplicativo Telegram. E quanto mais eles terão dito entre si, que não consta dos “hackeamentos”, ou que eles tenham tratado pessoalmente, mais à vontade e em detalhes talvez mais escabrosos?

Já seria desejável, pois, que eles – os personagens flagrados e os seus defensores incondicionais (entre os quais uma plêiade de medalhões do jornalismo brasileiro) -, parassem de assinalar que as revelações foram tomadas de forma ilegal, como se fosse um argumento de peso.

Está bem, foram interceptações ilegais. Todo mundo reclama de invasão da privacidade, mas os(as) moços(as) da Lava-Jato só reagem quando são as vítimas. Nestes cinco anos da operação eles se cansaram de vazar informações que convinham às suas táticas de atuação e aos seus planos.

Agora que são vidraça, não perdem a pose para alegar a ilegalidade dos vazamentos do The Intercept. Quando estavam bem na foto, e eram unanimidade nacional, Deltan Dallagnol e seus coleguinhas de Lava-Jato escreveram, no seu teor inteiro, as 10 medidas contra a corrupção, e lá estava a pérola: provas ilícitas poderiam ser acolhidas e validadas. O Congresso Nacional em boa hora, ainda no governo Temer, mandou a proposta para as calendas.

Mas o que mais me chocou até agora, do material divulgado pelo The Intercept, foram as observações de procuradores(as) da Lava-Jato a respeito de Lula, quando das mortes da esposa Marisa Letícia, do irmão Vavá e do neto Arthur.

Levou tempo, na história do mundo, para que se tornasse senso comum o sentimento de solidariedade e compaixão com os que morrem e com os que choram e reverenciam os seus mortos. Ninguém é obrigado a falar bem dos mortos e nem dos enlutados, mas o deboche, a aleivosia, em tal circunstância, é uma conduta indesculpável e indigna.

Seres humanos de boa formação e índole ao menos guardam silêncio diante do outro, ainda que não gostem dele, quando ele chora a perda de entes queridos, como aconteceu com Lula em três ocasiões distintas. Mas este não é o caso dos xerifes durões da Lava-Jato.

Estavam em tal medida ciosos dos seus propósitos salvacionistas, que se permitiram, em meio a gracejos zombeteiros, tripudiar sobre a dor e o sofrimento do seu alvo e vítima. Corações embrutecidos, não deram descanso à sanha punitiva, nem mesmo em hora tão delicada.

A base da Justiça é a compaixão, o respeito pelo outro, em toda a circunstância. Como acreditar que alguém tão destituído de humanidade e capaz de sentimentos tão ignóbeis possa estar a serviço da Justiça? Gente assim está mais para justiçamento do que para Justiça.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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