Quinta-feira, 22 de maio de 2025
Por Luís Eduardo Souza Fraga | 22 de maio de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Em 20 de maio de 1875, chegaram os primeiros imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, em Nova Milano, atual distrito do município de Farroupilha, essa data marcou o início da saga de um povo, em busca de uma nova terra para construir suas famílias e viver conforme sua cultura.
Tempos difíceis na economia, conflitos sociais e guerras na Europa, fizeram com que vários países desencadeassem um processo de emigração, com milhares de pessoas saindo de seus países com a esperança de uma nova vida, com mais segurança e expectativas de um futuro melhor.
Os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Rio Grande do Sul entre 1875 e 1914, com cerca de 84 mil pessoas vindas da Lombardia, Vêneto e Tirol. Os italianos trouxeram com eles a sua cultura, alicerçada na família, religião, gastronomia, música e datas festivas.
No Rio Grande do Sul a agricultura e a produção de uvas, desde o início, foi a base da subsistência das famílias, atualmente a produção de vinho e outros produtos nas regiões de imigração, são responsáveis por uma fatia importante da economia do estado.
Mas a vida dos imigrantes italianos não foi fácil no início, quando chegaram aqui, no século XIX, depararam-se com uma realidade muito diferente do que imaginavam, as promessas de trabalho e prosperidade ficaram apenas nas promessas, não havia a mínima estrutura para as famílias se instalarem, apenas terras desabitadas, algumas famílias tiveram que se acomodar em condições muito precárias, foi o caso de uma família, um casal e dois filhos, que ao chegar na localidade onde hoje é o município de Bento Gonçalves, tiveram que se abrigar dentro das raízes de uma árvore.
Parece coisa de filme, mas no início do mês de maio de 2025, fui visitar a cidade Bento Gonçalves RS, quando em um passeio turístico pela localidade chamada de “Caminhos de Pedra”, me deparei com uma casa antiga construída apenas por pedras encaixadas, umas sobre as outras e próximo a ela uma árvore, um enorme Umbu, apelidado de “Maria mole”, com um considerável espaço vazio em suas raízes, como se fosse uma caverna, pois ali uma família viveu durante dois anos, enquanto construíam a casa, com pedras coletadas nas proximidades.
Nesta casa hoje funciona um restaurante, denominado de “Restaurante Nona Ludia”, é um belíssimo lugar para conhecer e almoçar, é história viva! Com muita luta e suor os imigrantes italianos construíram suas vidas, comunidades e cidades no Rio Grande do Sul, transmitem sua cultura às novas gerações e contribuem para o crescimento do estado.
Atualmente o governo italiano está propondo uma lei para restringir a cidadania italiana, apenas para filhos e netos de italianos, restringindo o benefício às demais gerações.
Este fato irá acabar com as expectativas de muitos jovens brasileiros, que hoje sonham com a cidadania italiana, da mesma forma que seus antepassados, esperam encontrar na nova terra mais oportunidades que no Brasil, oportunidades essas, agora, frustradas com a nova lei.
As épocas e os contextos do mundo, por óbvio, são diferentes, mas os sonhos dos imigrantes de hoje são iguais aos de ontem.
*Prof. Luís Eduardo Souza Fraga
Historiador e Escritor – fragaluiseduardo@gmail.com
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.