Terça-feira, 21 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 2 de agosto de 2019
A Apple anunciou nesta sexta-feira (2) que suspendeu o programa global que analisa gravações de usuários interagindo com a assistente virtual Siri pelo iPhone (iOS) ou outros dispositivos da empresa. A decisão veio após o jornal britânico The Guardian divulgar, na última semana, que funcionários terceirizados ouviam conversas privadas dos usuários sem o seu consentimento, com o objetivo de controlar a qualidade do serviço. O Google fez um anúncio similar, mas a medida é válida apenas na União Europeia.
A Apple também informou que pretende revisar o “grading”(“avaliação”, em tradução livre), processo que usa para determinar se a Siri tem captado as consultas corretamente ou se está sendo ativada por engano.
“Enquanto realizamos uma revisão completa, vamos suspender a avaliação da Siri globalmente. Além disso, como parte de uma futura atualização do software, os usuários poderão optar por participar do programa”, afirmou a empresa em comunicado. O objetivo da medida é aliar a entrega de uma “ótima experiência” com a Siri à proteção da privacidade do usuário.
Na última sexta-feira (26), uma reportagem do The Guardian revelou que terceiros contratados pela Apple frequentemente ouviam conversas entre médicos e pacientes, negociações, compras de drogas e relações sexuais. Em resposta, a empresa afirmou que menos de 1% das consultas diárias são analisadas para aperfeiçoar a Siri e a função de ditado. Ainda segundo a Apple, não é possível identificar usuários por meio das gravações.
Google suspende escutas
O Google concordou em suspender temporariamente as transcrições das gravações feitas pelo assistente de voz na União Europeia, informaram autoridades do bloco.
A medida começou a valer na quarta-feira (1º) e se estenderá por três meses. Ela foi uma determinação da comissão de proteção de dados da Europa, que investigou o vazamento de áudios gerados por interações com o assistente.
O caso foi denunciado no mês passado por um canal de TV belga. As gravações vazadas à imprensa incluíam informações sensíveis dos usuários, como condições médicas e endereços.
“O uso de assistentes de voz por provedores como Google, Apple e Amazon está se mostrando de alto risco para a privacidade dos envolvidos”, disse a Comissão Europeia na quarta.
Segundo o órgão, este risco existe não somente para os donos dos aparelhos mas para todos os que têm contato com eles dentro de uma casa, por exemplo — o que exigiria que as empresas protegessem também a privacidade desses terceiros.
A comissão acrescentou que a Amazon e a Apple foram “convidadas” a implementar medidas apropriadas.