Sábado, 12 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2020
A queda livre do nível de atividade e o alívio na parte de preços administrados podem levar a um cenário de inflação ainda mais baixa do que já está na conta do mercado neste ano.
Embora essa visão não seja consensual, alguns economistas preveem alta inferior a 1% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2020, o que seria a menor variação desde o Plano Real, abaixo do 1,65% de 1998. Além disso, a retomada lenta da economia, combinada a uma inércia favorável, deve manter a inflação em patamar tranquilo em 2021.
Os números não são exatamente comparáveis, mas essa seria a menor inflação ao consumidor desde 1933, levando em conta o Índice do Custo de Vida (ICV) do Rio de Janeiro, de 1912 a 1945, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), de 1946 a 1979, e o IPCA a partir de 1980, de acordo com levantamento de Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Em 1933, na Grande Depressão, houve deflação de 0,9%.
Selic
O constante cenário de deterioração das projeções do PIB e IPCA – especialmente da inflação no próximo ano, horizonte da política monetária – suportam renovadas apostas de corte da Selic na próxima reunião do Copom. Seguindo a última decisão da autoridade monetária, que surpreendeu o mercado ao cortar a Selic em 0,75 ponto percentual, de 3,75% para 3,00% ao ano, os economistas consultados pelo Focus esperam o final do ciclo de ultra afrouxamento monetário em 2,25% em 2020, com um corte adicional de 0,75 ponto percentual na próxima reunião em junho.
Há quatro semanas, a expectativa era que a Selic fechasse 2020 em 2,50%. O texto da última decisão do BC limita o atual ciclo de flexibilização com a taxa Selic em 2,25% ao ano.
Os analistas também estimam que o ciclo da alta de juros se inicie ano que vem, com uma Selic a 35% no fim de 2021. Já para 2022, a projeção foi reduzida para 5%, e a de 2023 se manteve em 6,00%.
Na última quinta-feira, o O JPMorgan cortou a 1,75% a expectativa para a meta Selic ao fim deste ano, ante estimativa anterior de 2,50%, citando melhora do ambiente externo e riscos crescentes de uma recuperação econômica mais fraca no Brasil.
O banco passou a ver corte de 0,75 ponto percentual da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês (contra 0,50 ponto percentual antes), e adicionou uma redução de 0,50 ponto no encontro de agosto, quando o BC pararia o ciclo de afrouxamento monetário, segundo o JPMorgan.
Além disso, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, afirmou na quarta-feira que o nível de 2,25% para a Selic não é algo “escrito na pedra” e reiterou que o BC está longe de um limite a partir do qual a redução dos juros perderia eficácia, razão pela qual pode continuar a fazer política monetária como usualmente.
“Não vi esse 2,25% como algo que foi escrito na pedra, algo fixo, que temos que ter em mente e não podemos cruzar”, disse ele em inglês, ao participar de evento virtual promovido pela American Chamber of Commerce.