Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 15 de julho de 2020
Em crise com os militares do governo federal, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes entrou em contato com o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello. A conversa foi “cordial”, segundo Gilmar Mendes confirmou ao jornal O Globo.
No sábado, Gilmar Mendes disse que o Exército se associou a um “genocídio” em alusão à condução do governo Bolsonaro frente à epidemia da Covid-19. O Ministério da Defesa divulgou uma nota de repúdio em seguida e enviou, na terça-feira, uma representação contra o ministro do STF à Procuradoria-Geral da República (PGR).
Apesar da representação, a instrução no governo federal é de botar panos quentes sobre o episódio. Pazuello disse a aliados que a conversa desta terça-feira serviu para abrir um canal de comunicação com Gilmar Mendes.
Não houve um pedido de desculpas de nenhuma das duas partes, mas o tom foi amigável. O presidente Jair Bolsonaro chegou a recomendar que Pazuello conversasse com Gilmar para acalmar os ânimos, ainda segundo interlocutores do ministro da Saúde.
O episódio com Gilmar Mendes reforçou a opinião da ala militar do Palácio do Planalto de que o interino Eduardo Pazuello deve ser substituído para que não haja associação entre a gestão na Saúde e o Exército brasileiro. O prazo para sua gestão é agosto, segundo integrantes do governo federal.
General fica
Depois de alguns dias com o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, em processo de fritura, a ordem no governo foi de baixar a temperatura e deixar claro que, apesar das críticas e do apetite de aliados pela vaga, o general fica no lugar, pelo menos por enquanto, segundo fontes ouvidas pela Reuters.
O primeiro sinal veio pelas redes sociais do próprio presidente Jair Bolsonaro, em que ele enumera os feitos do ministro e o chama de “predestinado”, que “sempre está no lugar certo para servir sua pátria.”
Bolsonaro não disse que fica ou sai, mas três fontes disseram à Reuters que não está nos planos do governo trocar o comandante da Saúde agora.
“O ministro fica. Esse movimento terminou por fortalecê-lo. Você sabe como o presidente é. Quando atacam os amigos dele, aí que ele se agarra mais. Isso acaba fortalecendo o ministro”, disse um parlamentar que acompanha de perto as movimentações do Planalto.
Uma fonte palaciana confirma que não deve haver alterações, pelo menos por enquanto. Dentro do governo, a avaliação é que o general está fazendo “um excelente trabalho” e as críticas do ministro do Supremo Tribunal Gilmar Mendes não abalaram essa impressão.
“Há sim um descontentamento com o fato do militar da ativa que está no governo, e isso não é apenas com Pazuello. Havia com o ministro (Luiz Eduardo) Ramos, existe com o almirante Flávio Rocha (Secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência) e existe com Pazuello. Gera desconforto, mas não uma crítica ao trabalho”, explicou uma fonte palaciana. As informações são do jornal O Globo e da agência de notícias Reuters.