Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 7 de abril de 2021
Se no ano passado a Argentina implementou a quarentena mais longa do mundo, agora, em meio a uma segunda onda da pandemia que especialistas consideram mais preocupante do que a primeira, o governo de Alberto Fernández está política e socialmente impossibilitado de decretar um lockdown rigoroso.
Depois de amargar uma queda de 10% do PIB no ano passado, o país adotou nesta quarta-feira (7) novas medidas, incluindo um toque de recolher, para tentar conter a transmissão do coronavírus – incluídas as variantes de Manaus e Reino Unido – sem castigar ainda mais a economia.
O presidente — que confirmou, no fim de semana, ter contraído o vírus — optou por uma resposta intermediária, que possa ser digerida por uma sociedade que também precisa assimilar uma taxa de pobreza que passou de 35% para 42% entre 2019 e 2020.
“A Argentina entrou na segunda onda. Só nos últimos sete dias, os casos aumentaram 36% em todo o país e 53% na área metropolitana de Buenos Aires”, disse o presidente em pronunciamento pela TV da residência oficial de Olivos, onde está isolado. “Assim como lhes pedi há um ano que ficassem em suas casas enquanto montávamos um sistema de saúde abandonado, hoje lhes peço a máxima atenção aos cuidados sanitários, de modo que possamos avançar no processo de vacinação.”
Além do toque de recolher, foram suspensas as viagens em grupo, as festas em casas particulares e as reuniões de mais de 20 pessoas em espaços públicos. Arenas esportivas, discotecas e salões de festa serão fechados. A prática de esportes em lugares fechados não poderá reunir mais de 10 pessoas.
Bares e restaurantes terão que fechar às 23h. As escolas continuarão abertas, e, na região metropolitana de Buenos Aires, o transporte público será reservado a trabalhadores de atividades essenciais e à comunidade educacional.
O número de óbitos no país passa de 56 mil, enquanto foram vacinadas apenas 3,7 milhões de pessoas com pelo menos a primeira dose, de um total de 45 milhões de habitantes — ou seja, 8,21% da população. No Brasil, essa taxa é de 8,37%.
O risco, disse o médico Roberto Debbag, vice-presidente da Sociedade Latino-americana de Infectologia Pediátrica, é de que a Argentina seja cenário de “um furacão de covid-19”.
“A segunda onda, que pode virar um furacão, já está em marcha. As restrições à circulação são nossa única arma no momento, porque a população não aceitará uma nova quarentena prolongada”, diz o infectologista.