Sexta-feira, 12 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de setembro de 2025
PF apreendeu dinheiro, veículos e objetos de luxo durante a operação
Foto: PF/DivulgaçãoA PF (Polícia Federal) prendeu nesta sexta-feira (12) Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti durante a Operação Cambota, um desdobramento da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões em todo o País.
Durante a ação, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva e 13 de busca e apreensão, autorizados pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em São Paulo e no Distrito Federal. Antunes é o lobista apontado pela PF como “facilitador” do esquema criminoso.
Segundo a PF, associações e entidades que oferecem serviços a aposentados cadastravam aposentados e pensionistas sem autorização, com assinaturas falsas, para descontar mensalidades dos benefícios pagos pelo INSS. O prejuízo, entre os anos de 2019 e 2024, pode chegar a R$ 6,3 bilhões. Em abril, quando a fraude veio à tona, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido.
Antunes foi levado para a Superintendência da PF no Distrito Federal. Os agentes também fizeram buscas na casa dele. Segundo as investigações, o “Careca do INSS” transferiu R$ 9,3 milhões para pessoas relacionadas a servidores do instituto em 2023 e 2024.
O empresário Camisotti, que foi preso em São Paulo, é apontado como sócio oculto de uma entidade e beneficiário das fraudes na Previdência. A defesa do empresário disse não haver “qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação relacionada à investigação de fraudes no INSS”.
Os policiais também estiveram na casa e no escritório do advogado Nelson Wilians, em São Paulo, onde encontraram diversas obras de arte. Em nota, a defesa do advogado afirmou que ele “tem colaborado integralmente com as autoridades e confia que a apuração demonstrará sua total inocência”.
Durante a operação, diversos veículos de luxo foram apreendidos, incluindo Ferrari, Land Rover, Porsche, Mercedes-Benz e até uma réplica de um carro de Fórmula 1.
Como funcionava a roubalheira
Segundo a PF e a CGU (Controladoria-Geral da União), as entidades investigadas ofereciam pagamento de propina a servidores do INSS para obter dados de beneficiários, usavam assinaturas falsas para autorizar descontos e criavam associações de fachada, muitas vezes presididas por idosos, pessoas de baixa renda ou aposentados por incapacidade.
A PF diz que Antunes é “sócio de uma miríade de empresas”, que recebiam recursos de diversas associações e os disponibilizava a servidores do Instituto Nacional do Seguro Social. Segundo a representação da polícia, ele movimentou ao todo diretamente R$ 53,5 milhões provenientes de entidades sindicais e de empresas relacionadas às associações.
São 22 duas empresas listadas em seu nome, nos ramos da consultoria, call center, incorporação, comércio varejista e atacadista e locação de veículos. Parte dessas empresas era usada nas relações com entidades que recebiam os valores descontados das aposentadorias, de acordo com a PF.