Sexta-feira, 03 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 29 de dezembro de 2018
Turistas na Coreia do Norte passam por uma rotina de celulares revistados e passeios vigiados. É preciso ter sempre um guia para visitar o país, não há turismo independente.
“Por favor, chequem novamente os celulares e apaguem qualquer vídeo, imagem ou áudio com conteúdo religioso, pornográfico ou relacionado à Coreia do Norte. Os soldados entrarão para a revista em breve.”
Assim, a guia repete um dos avisos que já havia sido apresentado em uma reunião obrigatória promovida pela agência de turismo. Já haviam informado que não é permitido levar lente fotográfica com zoom superior a 150mm, nem aparelhos de GPS (apesar de celulares serem permitidos). Também não é possível fotografar militares, construções em andamento, estações de trem ou partes de estátuas.
A lista de proibições na Coreia do Norte se segue: é proibido tirar foto das imagens dos líderes se houver alguma obstrução, ainda que pequena; é proibido dobrar jornais ou revistas de modo que faça vinco no rosto dos líderes; é proibido jogar fora imagens dos líderes, o que inclui jornais.
Quanto às regras de vestimenta, o país se mostra mais flexível com os turistas. Homens podem usar bermudas e chinelos, e mulheres podem vestir decotes e minissaias. E mais do que proibições, é reforçada uma obrigação: deve-se sempre, a todo momento, sob qualquer hipótese, seguir as ordens dos guias.
A visita ao país é inteiramente controlada, e os guias locais fixam itinerário e horários, que podem variar sem aviso prévio. Não é possível circular desacompanhado de um guia local. E a regra é seguida à risca: não é permitido dar um passo para fora do hotel sem eles. Não existe turismo independente no país.
Há uma razoável gama de passeios no país: de tours de dois dias pela capital, Pyongyang, a programas de três semanas, incluindo visitas ao litoral, trekkings para cachoeiras e escalada para avistar um lago no topo de um vulcão fora de atividade.
Com programação ou sorte, é possível ainda participar de eventos como a maratona de Pyongyang, em abril, o festival de cinema ou ainda comemorações cívicas. Essas ocasiões costumam ser marcadas por festividades vistosas e grandes paradas militares, como o aniversário de um dos grandes líderes ou a independência do país.
Em 9 de setembro é celebrada a criação da República Popular Democrática da Coreia, que cumpriu 70 anos em 2018. Um dos eventos mais esperados para a ocasião são os Jogos das Massas, apresentação que entrou para o Livro dos Recordes em 2007 como a maior apresentação artística e de ginástica do mundo.
Há duas maneiras convencionais para o turista entrar na Coreia do Norte: de trem ou de avião, ambos com uma única saída diária a partir de Pequim.
O voo, operado pela estatal Air Koryo, gasta em torno de duas horas até Pyongyang. O trem leva 24 horas e faz uma parada em Dang Dong, cidade chinesa na fronteira com a RDPC (República Democrática Popular da Coreia, nome oficial do Estado). Além de ser a opção mais econômica, permite apreciar a paisagem rural do país de Kim Jong-un.
Na chegada, um militar passa recolhendo passaportes e vistos, outros conferem bagagens e eletrônicos.
Vitrine do governo norte-coreano, Pyongyang impressiona. Ruas impecavelmente limpas, parques bem cuidados e prédios modernos ao lado de avenidas largas demais para os pouco carros que circulam. Apesar de não ser uma cidade fantasma, o local não tem a vivacidade que se espera de uma capital. Para muitos, a cidade é um grande teatro para impressionar estrangeiros. Em alguns pontos da cidade, linhas de eletricidade bloqueiam as tentativas de fotografia indesejadas. Guias avisam quando os cliques são permitidos.