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Por Redação O Sul | 13 de fevereiro de 2018
O criminalista Nelio Machado, dono de uma das bancas de advocacia mais prestigiadas do País, com sede no Rio, disse ao Estado que está escrevendo um livro, de título Covardia, para criticar o instituto da colaboração premiada e colegas advogados que o aceitam. “Eu sou amigo desses caras, convivo com eles, mas não posso esconder a decepção por terem abdicado do direito de defesa”, afirmou em seu escritório com vista panorâmica para a Baía da Guanabara e para a pista do aeroporto Santos Dumont. Disciplinada pela Lei 12.850, de 2013, a colaboração é um importante eixo da Operação Lava-Jato.
No começo da operação, há quase quatro anos, Machado, de 66 anos e avô de dois netos, teve meia dúzia de clientes que ficariam muito famosos – entre eles Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa e Fernando Baiano. Deixou as respectivas causas quando optaram pela colaboração premiada – e por advogados que defendiam o instituto. Hoje, entre duas centenas de clientes, Machado é advogado do deputado Jorge Picciani, ex-presidente de Assembleia do Rio, que continua preso, e de Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, solto recentemente por habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça. Ambos são acusados de corrupção – o que Machado nega. “São inocentes – e se quiserem fazer delação premiada deixarão de ser meus clientes”, avisa.
Covardia será lançado ainda neste semestre, afirmou o criminalista, adiantando pontos do extenso sumário que já organizou: antítese entre a advocacia nos tempos da ditadura militar e atual, a falácia e o despropósito da delação premiada, métodos à margem da lei, práticas medievais de escarmento… Sobre a reação dos advogados que eventualmente vestirem a carapuça, preferiu brincar: “Estou treinando boxe, e o meu cruzado de direita é muito bom”.