Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 21 de agosto de 2015
Uma ciência pouco conhecida fora dos meios acadêmicos abre caminho para aliviar o sofrimento de pessoas acometidas por uma doença tão comum quanto misteriosa. A depressão afeta cerca de 10% da população mundial, segundo estimativas da OMS (Organização Mundial de Saúde).
Mas faltam tratamento e diagnóstico eficientes. Uma forma de melhorar o tratamento foi o alvo de um trabalho com proteômica, que estuda a ação das proteínas em determinados momentos e circunstâncias.
Oficialmente, existem 350 milhões de pessoas diagnosticadas – mais do que um Brasil e meio. Pelas contas da OMS, 40% dos deprimidos não respondem ao tratamento e muitos sofrem efeitos colaterais, de alergias a problemas sexuais e de peso. E são essas pessoas as potenciais beneficiadas pela descoberta de pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas, São Paulo). A equipe liderada pelo bioquímico Daniel Martins de Souza descobriu uma forma de identificar quem integra esse grupo que não responde à medicação, o que abre caminho para oferecer uma terapia mais eficiente.
“A meta é oferecer o remédio certo para cada paciente”, diz Souza. Isso significa aliviar o sofrimento da mente – a depressão devasta o humor e o ânimo, erode a autoestima e a concentração e traz uma agonia constante de pensamentos em morte e suicídio – e os do corpo, associados a efeitos colaterais de medicamentos. A equipe se debruçou sobre a chamada depressão clínica, uma doença psiquiátrica crônica, diferente da tristeza profunda que pode atormentar qualquer pessoa sob grande estresse emocional, como o provocado por perdas e traumas.
Proteína.
O grupo de Souza encontrou uma possível causa para a falta de ação dos medicamentos. E, curiosamente, nada tem a ver com genes já associados à doença. E, sim, com uma proteína chamada fibrinogênio, essencial para a coagulação do sangue. “Pacientes com mais fibrinogênio no sangue tendem a não responder aos remédios.”
Em tese, um exame de sangue simples poderia identificar essas pessoas e ajudar os médicos na prescrição dos remédios. (AG)