Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 2 de março de 2024
A economia brasileira cresceu 2,9% no ano passado, um resultado maior do que economistas previam e alcançado, principalmente, por causa do desempenho do primeiro semestre. O resultado, positivo, chega a quase R$ 11 trilhões, e valor per capita supera R$ 50 mil.
O PIB somou R$ 10,9 trilhões em 2023 e o Brasil subiu duas posições e voltou a estar entre as dez maiores economias do mundo. Estados Unidos e China lideram o ranking.
O lado negativo do PIB veio dos investimentos, que caíram 3%.
“A taxa de investimento ela tem uma relevância muito grande para a economia, porque ela mede a nossa capacidade produtiva, o nosso crescimento futuro, o nosso PIB potencial. Então, quando a gente vê uma queda, como a gente viu em 2023, de 3% em uma taxa tão importante, isso gera um alerta com relação à sustentabilidade do crescimento no médio prazo”, explica a economista Juliana Trece, da FGV Ibre.
O crescimento da economia ficou concentrado nos primeiros meses do ano, com o boom do agronegócio.
“Observamos também o consumo das famílias. O consumo das famílias foi muito mais forte no primeiro semestre vis-à-vis o segundo semestre do ano”, diz a economista Silvia Matos, da FGV Ibre. O consumo das famílias teve grande influência no PIB, com alta de 3,1% em relação a 2022.
“De 22 para 23, a gente teve uma expansão fiscal muito grande, de transferência de renda, expansão do Bolsa Família, aumento de salário mínimo. 2023 foi um ano que a inflação cedeu muito e, para as famílias, deflação de alimentos foi muito bom. Então, isso é poder de compra para as famílias poderem consumir não só mais serviço, mas também alimentos”, acrescenta Silvia.
O governo também aumentou os gastos em áreas como Saúde e Educação. Roger Mendes nunca pensou em poder bancar uma viagem para a família. Ele batalhou para ir de estagiário a engenheiro de planejamento na empresa e a renda melhorou.
“Estar proporcionando para minha família também viagens, passeios, onde a gente antigamente não fazia e hoje está tendo essa oportunidade. Então, acho que isso está agregando bastante hoje pra mim”, conta ele.
Exportações
É mais fácil enxergar o PIB do Brasil em 2023 na imagem do Porto de Santos – nossa principal porta para o mundo. Mais da metade de toda a movimentação de cargas veio do agronegócio. Graças à força do campo, os números de Santos bateram recordes.
“Passam por aqui 5.400.000 contêineres, passam por aqui milhares de toneladas de grãos, com destaque para a soja, para o milho, para a celulose e para os fertilizantes. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Goiás, esses cinco estados representam mais de 80% do PIB nacional conectados ao Porto de Santos”, explica Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos.
Todos os dias, 15 mil caminhões descem a Serra do Mar e chegam ao Porto de Santos. Essa é uma estrada de mão dupla: enquanto a produção agropecuária viaja a caminho da China, Europa e Estados Unidos, no outro sentido chegam dólares ao Brasil. No ano passado, as exportações cresceram 9%, enquanto as importações caíram pouco mais de 1%.
Na prática, isso quer dizer que o comércio com outros países deu uma grande contribuição para o crescimento do PIB em 2023, segundo o IBGE.
Nas lavouras de Goiás, o clima ajudou na safra fora da curva e de qualquer previsão, e a colheita do primeiro semestre do ano ainda vendeu fácil, porque o dólar estava favorável para as exportações.
“Quando um setor tão importante como o agro vai bem gera mais renda local, e essa renda local gera mais consumo. Mais consumo traz mais emprego, mais emprego traz mais qualidade de vida e novos investimentos, que traz novos ciclos de prosperidade e crescimento”, conta o consultor de mercados Enio Fernandes.
Francisco Faria, economista da LCA, explica que o resultado do PIB no ano passado veio da oferta do que foi produzido: “Você teve uma safra muito grande, você teve investimentos em plataformas de petróleo, investimentos em minério de ferro e de plantas de tratamento de ferro que permitiram um grande crescimento da economia. Essa é a marca do ano passado, um crescimento que vem mais pelo lado da oferta do que pelo lado da demanda. Porque pelo lado da demanda, a gente ainda está passando por uma taxa de juros muito alta”.
Os juros altos explicam, em parte, o desempenho ruim de setores da indústria, que precisam de financiamento para aumentar a capacidade de produção com mais tecnologia.