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Mundo As estatais russas e venezuelanas usaram os paraísos fiscais para criar empresas e fazer transferências milionárias que, agora, são alvos de suspeitas

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Nicolás Maduro (E) conta com o apoio político e econômico de Vladimir Putin (D). (Foto: Reprodução)

Estatais russas e venezuelanas usaram uma rede de intermediários com base em paraísos fiscais para criar empresas e fazer transferências milionárias que, agora, são alvos de suspeitas. Documentos detalhando essas transações estão nas mãos do Departamento de Justiça dos EUA, enquanto investigadores na Europa também buscam respostas sobre indícios considerados “atípicos”.

As economias de Venezuela e Rússia têm como base a exploração de gás e petróleo. No esquema montado entre ambas, portanto, as empresas que fazem o dinheiro circular são o braço financeiro da estatal russa Gazprom, o Gazprombank, e a venezuelana PDVSA. As duas gigantes do setor energético se uniram, com a participação de uma terceira empresa, a Derwick Oil & Gas, registrada em Barbados.

Documentos revelam que a Derwick já teve papel importante em um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro usando a PDVSA. Em 2009 e 2010, a Derwick subornou funcionários do governo chavista para conseguir 12 contratos públicos na Venezuela.

Os contratos eram terceirizados e executados pela Pro Energy Services, uma empresa com base no Estado do Missouri, nos EUA. A empresa americana enviou para a Derwick uma fatura de US$ 1,3 bilhão, mas a Derwick cobrava da PDVSA US$ 2,25 bilhões. A suspeita é de que a diferença de US$ 1 bilhão era distribuída a atores centrais no esquema de produção de energia na Venezuela. Seus nomes, porém, ainda não estão sendo revelados.

Como o esquema envolvia uma companhia nos EUA, promotores federais do Distrito Sul de Nova York decidiram investigar. Em março de 2016, as autoridades americanas pediram ajuda da Suíça, que entregou ao Departamento de Justiça dos EUA dados sobre 18 contas secretas da empresa, congelando US$ 100 milhões da PDVSA. Na Justiça americana, a Derwick foi indiciada pelos 12 contratos com estatais venezuelanas avaliados em US$ 767 milhões.

Entre os executivos da Derwick estão ainda dois venezuelanos: Orlando Alvarado e Francisco Convit Guruceaga. Eles seriam o elo da empresa com o Gazprombank Latin America Ventures, braço financeiro da estatal russa criado para operar na América Latina. Alvarado e Convit, porém, ocupavam cargos importantes nas duas empresas.

Para criar o Gazprombank Latin America Ventures, os russos registraram a joint venture com a Derwick em Amsterdã. Segundo documentos da Câmara de Comércio da Holanda, Alvarado e Convit fazem parte da direção da nova empresa.

Em 2012, o Gazprombank anunciou a criação da PetroZamora, na Venezuela. A empresa foi estabelecida com a PDVSA após empréstimo russo de US$ 1 bilhão. Mas, no momento da criação da nova operação de Moscou em Caracas, em nenhuma ocasião foi anunciado que, entre os intermediários, estava a Derwick.

Entre os documentos em mãos dos americanos, vários revelam como a Derwick concedeu “empréstimos” à joint venture – um deles de US$ 35 milhões destinados a uma conta na filial do Gazprombank, em Zurique.

Inquérito

O que os investigadores tentam descobrir é o motivo pelo qual uma empresa teria feito um contrato para emprestar a um banco um volume importante de recursos. Suspeita-se que seja indício de um mecanismo usado para lavar dinheiro – já que o normal seria os bancos emprestarem – ou um canal para transferir recursos de forma ilícita.

A apuração ainda tenta determinar quem se beneficiou do dinheiro, se toda a transação ia de fato apenas para a produção de petróleo e qual era o objetivo de montar o esquema envolvendo diversos paraísos fiscais. Além de Barbados, Suíça e Holanda, também foram identificadas transações a partir do Panamá.

O governo chavista nunca escondeu a importância do elo entre Caracas e Moscou. Em agosto, o então presidente da PDVSA, Eulogio Del Pino, demonstrava a dimensão dos acordos. “A relação entre a PetroZamora com seu sócio estratégico russo Gazprombank é tão importante que, hoje, contam com mais de 2 mil km² em áreas de produção”, disse Del Pino.

A busca do regime venezuelano pelos aliados russos, segundo ele, teria um aspecto estratégico. “O comandante Hugo Chávez teve essa visão de fechar acordos com países como a Rússia, nação com a qual formamos oito empresas mistas em todo o país, que produzem mais de 250 mil barris de petróleo por dia, em uma aliança comercial e financeira perfeita”, disse Del Pino. “Por isso, o imperialismo americano nos ameaça e ataca.”

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