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Por Redação O Sul | 29 de abril de 2017
A estratégia de defesa do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, apresentada em seu primeiro depoimento à Operação Lava-Jato, reprisa o argumento utilizado por Fernando Collor (hoje senador pelo PTC de Alagoas) na ação penal em que foi absolvido como ex-presidente da República.
As sobras de caixa dois eleitoral foram apontadas pelo ex-presidente, que sofreu impeachment em 1992, como origem dos recursos usados por seu ex-tesoureiro Paulo César Farias para bancar suas despesas pessoais.
Cabral usou argumento semelhante ao explicar ao juiz federal Sérgio Moro de onde vinham os recursos para a aquisição de ternos, vestidos e a blindagem de um carro da mulher, Adriana Ancelmo. Collor foi absolvido em 1994 usando, dentre outros argumentos, a tese de que os gastos pessoais e familiares de 6,5 milhões de dólares pagos pelo esquema de PC Farias eram quitados com sobras de valores arrecadados junto a empresas para a eleição de 1989.
De acordo com a secretária pessoal do peemedebista, Sônia Baptista, os gastos mensais da família eram de, em média, 200 mil reais. Assim como Cabral, o ex-presidente contava com uma secretária pessoal responsável por gerenciar sua vida financeira pessoal, Ana Acioli. Ela movimentava a conta bancária alimentada por PC Farias.
Collor foi absolvido no STF (Supremo Tribunal Federal) da principal ação penal que o acusava de corrupção no período em que ocupou a Presidência. A tese sobre o uso de sobras de caixa dois deu suporte ao argumento principal da defesa, que tratava da ausência de provas sobre atos do então presidente que beneficiaram os envolvidos no esquema PC.