Quarta-feira, 13 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 13 de agosto de 2025
Com atuação consagrada no atendimento de pacientes com politraumatismo e casos complexos de neurocirurgia, o Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre é também uma instituição de referência em doações de órgãos e tecidos, sendo uma das que mais encaminham o procedimento no Rio Grande do Sul. Já são nove doadores efetivos desde o início deste ano (quatro das quais somente em julho), além de 15 notificações de possíveis doadores.
A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) atua há mais de 20 anos em etapas decisivas do processo, como o acompanhamento dos pacientes cujo situação evoluiu para a morte encefálica.
“Participamos desde a identificação do paciente, diagnóstico da morte encefálica, bem como entrevista e acolhimento da família, seguido da organização da logística da remoção dos órgãos”, explica a enfermeira Joema Ferrer. “É um trabalho complexo, que exige conhecimento técnico e experiência.”
O médico Ronei Veit Anzolch, diretor técnico do HPS, salienta a evolução do trabalho ao longo dos anos: “Além dos órgãos tradicionais, temos oportunizado a captação de órgãos e tecidos menos frequentes, como pele e ossos. Isso proporciona uma segunda chance a pacientes que aguardam transplantes. A doação deste jovem é um exemplo inspirador”.
A captação de córneas em pacientes com óbito por parada circulatória, realizada desde 2022, tem sido impulsionada neste ano pela criação de uma equipe especializada na abordagem desses casos. Historicamente, o hospital tem menor ocorrência de negativas de doação de órgãos que o restante do Estado, ainda que dados da Central Estadual de Transplantes apontem esse postura como a principal causa de não efetivação do procedimento – em 2025 esse índice é de 31%.
Para se tornar um doador, a principal iniciativa é comunicar a decisão pessoal à família. O médico Cristiano Franke, coordenador da CIHDOTT, reforça o caráter humano do processo:
“Acolher todos os sentimentos da família e possibilitar que tomem a melhor decisão é fundamental. Sempre respeitamos a decisão, e a população demonstra grande generosidade quando entende a importância da doação de órgãos e tecidos”, afirma.
Na madrugada dessa quarta-feira (13), uuma equipe da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da capital gaúcha acompanhou no HPS a captação de órgãos e tecidos de um paciente de 20 anos com morte encefálica após sofrer trauma – a causa não foi informada. O sinal-verde de seus familiares à doação possibilitou que outras vidas sejam salvas, inclusive fora do Estado: o fígado do jovem foi enviado para Brasília (DF).
Doação de sangue
O HPS precisa de doações de sangue de todos os tipos, a fim de repor os estoques em uma instituição com alta demanda de pacientes, muitos deles atendidos em estado grave após acidentes. Solicita-se que o voluntário agende o comparecimento por meio do whatsapp (51) 3289-7658. O acesso é feito pela avenida Venâncio Aires nº 1.116, no bairro Santana.
Com capacidade para receber 16 a 20 colaboradores por dia, o departamento funciona de segunda a sextas-feiras, das 8h ao meio-dia. Após a coleta, cada componente do material é rigorosamente testado. Passa, ainda, por processamento sob responsabilidade do Hemocentro do Estado do Rio Grande do Sul (Hemorgs). Exige-se do doador:
– Apresentar documento oficial com foto.
– Ter idade entre 16 e 69 anos (menores de 18 precisam de autorização da mãe, pai ou outro responsável).
– Pesar ao menos 50 quilos.
– Dispor de boa condição geral de saúde.
– Não estar sob jejum.
– Ter dormido no mínimo seis das últimas 24 horas.
– Respeitar o intervalo mínimo entre doações (dois meses para homens e três meses para mulheres).
– Não possuir evidência clínica ou laboratorial de doenças transmissíveis através do sangue.
– Não ser usuário de drogas ilícitas injetáveis. Se tabagista, não fumar no período de duas horas antes da doação.
(Marcello Campos)